(Publicado no Patos Online)
Ultimamente temos ouvido de amigos ou conhecidos a declaração de que não pretendem votar em ninguém nas eleições do ano que vem. É o reflexo do sentimento de decepção e de revolta que toma conta do país, por conta das roubalheiras praticadas no mais alto escalão do governo e do Congresso Nacional. Roubalheiras das quais sempre desconfiávamos, pois as contas das despesas de campanha nunca fechavam com os salários e vantagens que os políticos iam receber no exercício do cargo. Como um deputado federal gasta cinco, oito ou dez milhões de reais numa campanha política, se durante os quatro anos de mandato não vai receber isso de salário e vantagens legais? Agora a operação Lava-Jato desvenda o mistério. A maioria deles se locupletava com as propinas que recebiam de empresários a quem eles ajudavam a explorar o país. E aí estão, presidente da República, senadores e deputados sendo processados pelas “maracutaias” que praticavam.
Diante de tais fatos, em quem votar? É este o sentimento geral. Mas aí, por decepcionados e desiludidos que estejamos, é hora de botar a cabeça para funcionar. Se a maioria dos atuais parlamentares roubava descaradamente a nação. Se a maioria deles votou numa reforma trabalhista que tirará direitos dos trabalhadores. Se a maioria deles está aprovando uma reforma previdenciária que vai tornar a aposentadoria cada vez mais difícil, quando não impossível de conseguir. A única resposta que podemos dar é não votar nos ladrões dos recursos públicos, nos que votaram contra os direitos dos trabalhadores e nos que votarem contra os direitos que temos a uma aposentadoria digna, depois de termos trabalhado a vida inteira. Pois se votarmos neles, vão continuar roubando e desrespeitando os nossos direitos.
Por outro lado, não podemos também, simplesmente, deixar de votar. Pois neste caso, estaríamos cometendo um suicídio político. No momento em que eu voto em branco, que eu anulo meu voto ou simplesmente não compareço para votar no dia das eleições, eu estou permitindo que outros eleitores que não têm consciência política, que vendem o seu voto, que votam em qualquer um em que lhe pedem para votar, mesmo desconhecendo o candidato, estes eleitores inconscientes continuam a votar e continuam a escolher os piores candidatos. Voto nulo não anula eleição. Voto branco não anula eleição. Abstenção não anula eleição. E assim, seu voto nulo, seu voto branco, sua abstenção vão permitir que os analfabetos políticos continuem elegendo os piores candidatos.
Diante disso, só nos resta uma saída. É procurarmos alguém que tenha o mínimo de vergonha na cara, alguém que tenha uma história de vida de honestidade, de trabalho em favor da comunidade, de dedicação ao bem comum. Pode parecer difícil, mas, procurando, encontraremos. E se não encontrarmos os candidatos ideais, devemos votar pelo menos nos menos ruins, desde que não tenham roubado e não tenham votado contra os nossos direitos. Pois se continuarmos a votar nestes que aí estão, com raríssimas exceções, estaremos fazendo papel de bestas.
Não ao voto nulo. Não ao voto em branco. Não à ausência diante das urnas na hora de votar. Sim à uma procura de homens e mulheres decentes que possam nos representar condignamente nos governos, no Congresso Nacional e nas assembleias legislativas. Eleitor consciente, nunca deixa de votar. Eleitor consciente continua a procurar os melhores candidatos. Por mais difícil que seja encontrá-los. Vai ser mais difícil do que encontrar ouro, bateando num riacho, mas sempre se consegue. Comece a procurar de agora, na sua comunidade, na sua cidade, na sua região. Comece a estimular homens decentes a que se candidatem nas eleições do ano que vem. E comece a conversar com os seus vizinhos para que eles façam o mesmo. Não é possível que não existam na Paraíba doze homens decentes para serem deputados federais, trinta e seis homens de vergonha para serem deputados estaduais, um homem honesto para ser governador e dois homens de fibra para serem senadores.
Vamos começar de agora e daqui a um ano vamos promover uma profunda mudança na classe política brasileira. Só você, eleitor consciente, é capaz de fazer isso. Cada um de nós tem que se transformar num formador de opinião para mudar a consciência da maioria dos brasileiros. Com esta corja que aí está, no Congresso Nacional, nem um santo na Presidência da República conseguirá fazer nada. (LGLM)
Eleições/2018: Abstenção Eleitoral – Para anular o voto ou votar em branco o eleitor tem que comparecer a sessão de votação a qual está cadastrado. Se essas ações retrocitadas tiverem como pressupostos o PROTESTO ELEITORAL, acho mais robusto o protesto em forma de ABSTENÇÃO ELEITORAL. Nessa ação, o eleitor não comparece a sua sessão eleitoral, e no dia seguinte ao fechamento das URNAS vai a um CARTÓRIO ELEITORAL, e paga uma multa de R$ 4,50; e fica quitis com a Justiça Eleitoral.