(Deu na Folha)
Diante de um impasse entre os partidos em relação aos principais pontos da reforma política, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmou que o sistema eleitoral e as regras de financiamento de campanhas podem ficar como estão para 2018.
Maia ironizou a falta de acordo entre os parlamentares e disse ser provável que a Câmara aprove apenas o fim das coligações e a recriação da cláusula de barreira.
“Se não houver um bom diálogo até terça-feira, vai ser difícil aprovar alguma coisa na PEC [proposta de emenda à Constituição] do sistema e do financiamento eleitoral”, afirmou Maia, nesta quinta-feira (24).
Com isso, as eleições do ano que vem para deputados federais e estaduais se dariam pelo atual sistema proporcional, e as regras de financiamento ficariam como estão –sem a criação de um fundo público de campanhas e sem a volta de doações empresariais.
“Os deputados disseram que não precisam do fundo e o Senado não quer votar o financiamento privado, então vamos para a eleição do ano que vem com o que a gente tem. Acho que todo mundo vai ter que comprar um bom celular, com uma boa definição de imagem e contratar um cinegrafista amador”, disse o presidente da Câmara.
Se as regras de financiamento de campanha permanecerem como estão, os candidatos e partidos terão de bancar suas eleições com recursos do fundo partidário (de cerca de R$ 800 milhões por ano de dinheiro público) e doações de pessoas físicas.
“Eu entendo que uma campanha custa mais que R$ 800 milhões. Se o fundo não é solução e o Senado não quer aprovar o financiamento de pessoas jurídicas, vai ter que haver um trabalho individual de cada partido e cada candidato atrás de financiamento de pessoa física. Não é fácil”, disse o presidente da Câmara.
Com o impasse, Maia afirmou que tentará costurar um acordo com os parlamentares, mas admitiu que estuda colocar primeiro em votação no plenário a proposta que estabelece apenas o fim das coligações, a cláusula de barreira e a criação de federações partidárias, com validade a partir de 2018.
“Sabemos que não é fácil. Tem um acordo de que o fim de coligação caminharia pra 2020, então tem que discutir direitinho. Se já tivermos a cláusula em 2018 e o fim de coligações em 2020, já é um passo”, disse.
Maia afirmou que acredita que o item que prevê a criação de federações partidárias também será aprovado, mas a parte das chamadas “subfederações” pode ser derrubada em plenário.
Por uma das PECs em discussão no debate da reforma política, partidos com “afinidade ideológica e programática” poderão se unir em federações, com direito a acessar recursos do fundo partidário e tempo de rádio e televisão. Foi aprovada em comissão a possibilidade de se fazer também subfederações nos Estados, com fins exclusivamente eleitorais, desde que se respeite o agrupamento feito em nível nacional.
Ou seja: se nacionalmente a federação for composta pelos partidos A, B, C e D, nos Estados, para as eleições, a federação pode ser formada, por exemplo, por A, C e D. No entanto, não pode ter no grupo estadual o partido E, que não está na federação nacional.
Como a subfederação valeria apenas para as eleições, nas Assembleias Legislativas, A, B, C e D teriam que atuar juntos.
O presidente da Câmara fez um apelo aos deputados para que cheguem a um acordo em relação à reforma política, para evitar que o Supremo Tribunal Federal tome decisões que afetem as próximas eleições. “Estou torcendo que todos nós tenhamos a sabedoria e o equilíbrio de organizar essas votações para que mais uma vez o Supremo não tome a decisão no nosso lugar em relação ao fim de coligação, por exemplo.”
Comentário do programa – Com relação ao financiamento de campanha, o senador goiano Ronaldo Caiado teve uma ideia de onde arranjar o dinheiro sem chamar tanto a atenção. A ideia dele é acabar com a propaganda eleitoral gratuita (que só é gratuita para os políticos, pois o Governo é quem paga às emissoras de rádio e televisão), deixaria de ser feita e o dinheiro que o Governo gasta com esta propaganda destinaria a um fundo para financiar as campanhas políticas. Durante as campanhas, só haveria propaganda nas emissoras oficiais ou onde o político quisesse comprar espaço. Pagando é claro com o nosso dinheiro que ele receberia daquele “Fundo”. Ao contrário do cinema, na política só tem bandido! É bem provável que a ideia de Ronaldo Caiado vire lei. Quem não vai gostar são os donos de rádio e televisão. (LGLM)