Francisco Maia de Queiroz, o popular Louro Branco, poeta, repentista e compositor, nasceu dia 02 de setembro de 1943 na Vila Feiticeiro no município de Jaguaribe/CE.
Louro Branco era aquele poeta que ao se apresentar encanta o público com seu bom humor. O seu início na bela arte de improvisar versos se deu com a idade de 12 anos. Desde então, já cantou com todos os maiores repentistas do nordeste, e participou em mais de 400 festivais, tem aproximadamente 700 composições.
Estudou só o ensino fundamental, entretanto as profissões exercidas de pescador, agricultor e vendedor ambulante deram experiência que, aliada a sua sabedoria na faculdade da vida, transformaram em um dos maiores ícones do maravilhoso mundo do repente.
A conversão de Louro Branco ao protestantismo rendeu situações constrangedoras que foram contornadas pela sua inteligência privilegiada, rapidez de raciocínio e poder de síntese.
Valdir Teles, recentemente, cantava com ele, e começou a criticar por sua adesão a religião. Ele suportou bem as críticas, então, em determinado momento soltou o verbo e o verso:
“Valdir vive criticando
Porque agora eu sou crente
E tá dizendo as mulheres
Que eu fiquei impotente
Quem diabos disse a Valdir
Que Bíblia capava gente?”O mundo poético perde a ‘matéria’ de um dos mais brilhantes improvisadores da cantoria…
Sua poesia será eterna!
Descanse em paz, poeta LOURO BRANCO
Fonte: VARZEA ALEGRE – COISA NOSSA : A Poesia está de luto. Morte o Poeta Louro Branco.
O poeta Antônio Lisboa assim registrou o falecimento do companheiro:
Adeus a Louro.
Acabamos de perder Louro Branco – Francisco Maia de Queiroz. Nasceu na Vila Feiticeiro, Vale do Jaguaribe-CE, morou em várias cidades cearenses, Mossoró e Caicó -RN, atualmente residindo em Santa Cruz do Capiberibe-PE.
Nos mais de cinquenta anos de profissão como repentista, Louro dedicou-se e honrou a arte do repente como só ele poderia ter feito. Transformou-se num dos maiores e admirados cantadores de todos os tempos, do Nordeste e do Brasil, emplacando um estilo próprio e uma criatividade pouco vista num ser humano.
Sua atividade na cantoria foi tão intensa e bonita, chegando a ser confundida com sua pessoa, suas qualidades e generosidade, de acordo com sua origem, exemplo de simplicidade e cidadania.
Sua produção poética se identifica com o público que tanto o aplaudida nas cantorias, nos festivais e nos mais diferentes ambientes onde se apresentou com aquele viola.
Era um desses guerreiros. Nunca injetou jornada de trabalho, fosse longa, pesada ou dificultosa. Sempre estava pronto para o oficio, fosse em um grande evento, numa feira, ou até num ato de lazer com amigos e colegas. Jamais fez seleção ou escolha de cantadores para suas parcerias. Enfrentou todos, das maiores referências aos menos reconhecidos e os encarou sem caráter competitivo, tratando todos com dignidade e respeito.
Deixa um legado enorme. São muitos poemas, canções, livros, LPs, CDs, DVDs e muitos outros trabalhos. Fica em todos os cantos e recantos, de boca em boca uma quantidade incalculável de estrofes, de sua autoria, decoradas nos seus inúmeros desafios de improviso, se utilizando dos mais diversos gêneros da cantoria (sextilhas, motes e modalidades), histórias e respostas ditas por ele onde andou, sem contar o que ficou perdido, que não deu pra ninguém registrar. É difícil numa roda de conversa entre poetas ou pessoas ligadas ao universo da cantoria, não se incluir Louro Branco e raramente não ter uma nova coisa deixada por ele em forma de verso ou de prosa.
É incrível! Louro Branco está na memória do povo, na História da cultura popular e vai continuar nas nossas lembranças, nossas vidas, vivo conosco.Antonio Lisboa.
Recife, 18 de Janeiro de 2018.