Ranier Bragon, Repórter da Sucursal da Folha de Brasília,
A história mostra que alterações significativas nas pesquisas de intenção de voto tendem a se concentrar na reta final. Eleva-se o interesse do eleitor e entra em cena a propaganda na TV e rádio, ferramenta ainda essencial na disputa.
Pesquisa do Datafolha divulgada nesta quarta (31) traz sinais que devem ser cotejados com as armas que cada um terá nas semanas decisivas.
Os números reforçam uma hipótese: a de que, em uma eleição sem Lula, o eleitorado do ex-presidente caminhe em maior volume para Marina Silva (Rede) e Ciro Gomes (PDT).
Não há indicativo, porém, de que esse cenário se mantenha até a reta final. Mesmo combalidos, Lula e o PT investirão em candidato próprio, até por sobrevivência no Legislativo.
Vinte e sete por cento do eleitorado diz que votaria com certeza em um nome apoiado pelo ex-presidente. A não ser que opte por um improvável papel de coadjuvante, o PT deve ter um nome competitivo na urna, mesmo que hoje os seus planos B pareçam fadados a ser derrotados até em eleição a síndico de prédio.
Os políticos que almejam o selo de “candidato do centro” continuam com situação ruim. Geraldo Alckmin (PSDB), Henrique Meirelles (PSD) e Rodrigo Maia (DEM) ainda não empolgaram, sendo que os dois últimos ainda nem conseguiram sair da lona.
A perspectiva do maior tempo de propaganda na TV é, porém, trunfo capital para aquele que conseguir vencer a batalha intramuros na coalizão e no entorno de Michel Temer.
Outro sinal relevante da pesquisa diz respeito a Jair Bolsonaro (PSC), que dá sinais de ter perdido fôlego. A situação tende a se agravar devido ao isolamento político do deputado e à minúscula fatia de propaganda que terá na TV e no rádio.
Antes que apontar favoritos, pesquisas eleitorais a essa altura servem mais como uma seleção natural das espécies dentro dos partidos e das possíveis alianças políticas –mesmo que à primeira vista pareçam apenas oscilações ao sabor do vento.