Lula usou 48 horas no bunker para evitar ocaso imediato

By | 14/04/2018 11:58 pm

 

(Bruno Boghossian, Brasília, na Folha)

 

Lula fez o último cálculo político antes de sua prisão ao entrar na sede do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC na quinta-feira (5). Reconhecendo ter perdido uma batalha, o ex-presidente usou as horas que passou amotinado para colher uma vitória final: desviar os holofotes de seus algozes e estimular a militância a continuar ativa após seu encarceramento.

 

Ao forçar um acordo sobre os termos de sua apresentação à Polícia Federal, Lula levou a disputa com as autoridades para o terreno político, tomou o controle da própria derrota e transformou o episódio em um ato público a seu favor, com transmissão ao vivo pela TV.

O objetivo do petista é enfatizar, a cada passo, que não aceita nenhum aspecto dos processos que correm contra ele. A rejeição da oferta para que ele se entregasse voluntariamente foi a senha para manter candente entre seus apoiadores um discurso contra arbítrios da Justiça.

 

O caráter político da resistência de Lula foi potencializado e levado ao limite nos últimos dias porque o ex-presidente passou a se considerar sitiado em todas as instâncias do Judiciário. Os petistas perderam esperanças até no Supremo Tribunal Federal, de onde acreditavam que poderia sair a carta que o livraria da prisão.

 

Esse ceticismo pautou o abandono dos planos de impor um bloqueio físico à entrada de policiais no sindicato. Seus advogados foram enfáticos ao alertar que o embate provocaria a decretação da prisão preventiva do petista, jogando-o em uma espiral que inviabilizaria os parcos recursos judiciais à sua disposição.

 

A força política do ex-presidente sempre dependeu de sua capacidade de embaralhar imagem pessoal, simbolismo político, oposição de classes e, agora, um ataque permanente à Justiça. A derrota deste sábado era inevitável, mas Lula tentou usar as 48 horas no bunker para instigar um movimento que tentará preservar parte de seu fôlego enquanto ele estiver atrás da porta de uma cela.

 

Comentário do programa – Em outras palavras, toda a encenação feita por Lula e seus apoiadores, enquanto esteve no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo, foi para aparecer como um líder adorado pelos seus seguidores e tentar impressionar o público para mantê-lo em evidência, mesmo atrás das grades. Posteriormente, um grupo de governadores tentou continuar a encenação visitando-o na prisão, mas a Justiça impediu a farsa. (LGLM)

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *