(Julianna Sofia, secretária de Redação da sucursal em Brasília).
Em 1º de julho de 2014, um Joaquim Barbosa que se dizia com a “alma leve” deixava precocemente o STF (Supremo Tribunal Federal) após 11 anos. Nos últimos dois, comandara a alta corte em uma gestão ruidosa, com ataques à advocacia, à imprensa, e à própria magistratura, depois de ter relatado o histórico processo do mensalão.
“A política não tem na minha vida essa importância toda, a não ser como objeto de estudo e reflexão”, declarou naquela data quando questionado sobre as chances de uma candidatura futura, em 2018. Na disputa de 2014, mesmo fora do páreo, o então presidente do Supremo chegou a pontuar 14% no Datafolha.
De lá para cá, a Operação Lava Jato ganhou tração, uma presidente da República foi impichada, seu sucessor denunciado duas vezes por suspeitas de corrupção e o antecessor, condenado e preso. O Brasil aparentemente mudou, como também aparenta ter mudado Joaquim Barbosa.
O ex-ministro é hoje o presidenciável que mais desperta o interesse do mercado, dos investidores estrangeiros, dos empresários, da mídia e do mundo político. Sua (pseudo) hesitação em oficializar-se pré-candidato tende a seguir o mesmo roteiro da filiação ao PSB, de última hora. “Eu ainda não consegui convencer a mim mesmo de que devo ser candidato”, despista, elencando ainda resistência da família e divergências regionais do partido.
Antes e pós-confirmação, o neopeessebista será convocado a expor seu ideário político, econômico e social. Sua rotina —de viagens ao exterior, visitas familiares e passeios pelo calçadão carioca— será objeto de assédio. Além do benefício integral que recebe como aposentado do STF, suas outras fontes de renda —venda de pareceres e palestras— serão vasculhadas. Escrutínio legítimo e necessário a que deve ser submetido qualquer um que se arvore aspirante ao Palácio do Planalto.
Há quem duvide da resiliência de uma candidatura Barbosa. Até que ponto, o ex-ministro estará disposto a uma vida menos pacata?