Governo fraco e chantagem produzem solução precária para greve

By | 03/06/2018 6:38 am

 

Crise dos caminhões deixou de vez o campo da negociação e das políticas públicas

(Bruno Boghossian, colunista da Folha)

 

O país caiu numa cilada. Michel Temer fez acordo com líderes de fachada, decidiu bancar prejuízos da Petrobras para dar diesel mais barato aos motoristas temporariamente e, agora, ameaça tirar à força das estradas aqueles que continuam parados.

 

Seja qual for o desfecho dessa crise, o resultado será precário. Ainda que consiga desmobilizar os grevistas com a ajuda dos militares, o governo enfrentará um estado permanente de insatisfação. O aborrecimento com o custo dos combustíveis permanecerá tanto entre caminhoneiros quanto entre motoristas que abastecem seus carros com uma gasolina cada vez mais cara.

 

Se a paralisação persistir, Temer será obrigado a lançar mão de gambiarras, como a redução de tributos sobre o diesel por decreto. Para chegar ao fim do mandato, o presidente dispensaria uma receita bilionária.

 

O Planalto já avisou que qualquer corte sobre o PIS e a Cofins só valeria até o fim deste ano. A carga tributária sobre os combustíveis, portanto, não mudaria de vez. O próximo presidente (seja quem for) precisaria explicar o aumento nas bombas em seu primeiro dia de governo.

 

Não há discussão séria sobre impostos e sobre o peso do Estado em um ambiente de chantagem, e muito menos com um governo enfraquecido por sua impopularidade.

 

A candidatura governista de Henrique Meirelles foi lançada sob a propaganda da retomada da economia após a devastação dos anos Dilma Rousseff. O ex-ministro da Fazenda criou até um slogan: “Quando o Brasil tem problemas, chama o Meirelles”. Sob essa perspectiva, o legado de Temer também poderia usar o comandante do Exército como garoto-propaganda. Oposição à reforma da Previdência? Violência fora de controle no Rio? Greve de caminhoneiros? Chama o Villas Bôas.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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