(Tales Faria, editor do blog Poder360)
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso tem dito, em encontros reservados, que a união entre o seu PSDB e a pré-candidata da Rede, Marina Silva, pode ser a “chance de vitória dos setores realmente progressistas” nas eleições de outubro.
A ideia é atrair a pré-candidata da Rede e o ex-governador Geraldo Alckmin (SP) para um movimento de unificação de vários candidatos. Depois, quem tiver mais possibilidade de vencer encabeça a chapa.
O ideal, para os articuladores do movimento, seria uma chapa encabeçada por Marina com o PSDB de vice. Mas também pode ter Alckmin como candidato e a pré-candidata da Rede de vice.
O grupo está aberto até mesmo a outros nomes que se destaquem nas pesquisas, desde que do mesmo “campo ideológico”. Ou seja, nem muito próximo do PT, nem da linha de Jair Bolsonaro (PSL).
Manifesto
Nesta 3ª feira (5.jun.2018) seria lançado na Câmara o documento “Por 1 pólo democrático e reformista”. Entre outros, assinam FHC, acadêmicos, artistas, economistas e políticos como o senador Cristovam Buarque (PPS-DF) e os ministros Raul Jungmann (Segurança Pública) e Aloysio Nunes Ferreira (Relações Exteriores).
Segundo o deputado Marcus Pestana (PSDB-MG), a ideia é levar o documento a vários pré-candidatos: “Procuraremos Flávio Rocha, João Amoêdo, Rodrigo Maia, Geraldo Alckmin, Henrique Meirelles, Alvaro Dias, Paulo Rabello de Castro e Marina Silva, mas sem compromisso eleitoral”.
A pré-candidata Marina Silva já foi abordada por integrantes do movimento. Mostra-se simpática, mas não se compromete. Ela e Alckmin serão os últimos chamados para não espantar os demais.
A verdade é que a aliança será muito difícil. Geraldo Alckmin, Marina Silva, Alvaro Dias e outros pré-candidatos só abrirão mão da cabeça de chapa quando se convencerem de que a eleição está perdida. Há chance de que nunca se convençam. Ou de que isso ocorra tarde demais.
Centrão na periferia
O grupo não vê com bons olhos uma aproximação com o bloco de partidos chamado Centrão. Em artigo neste final de semana, FHC classificou o Centrão como um bloco que “quer se assenhorar do poder para tirar vantagens”.
Também não há o menor interesse na aproximação com o presidente Michel Temer. O grupo admite o apoio de emedebistas dispersos e do ex-ministro Henrique Meirelles, considerado “quase um tucano”.
Os 2 ministros que assinaram o manifesto não o fizeram por ser do governo. Aloysio Nunes Ferreira é tucano e Raul Jungmann (ex-PPS), muito ligado a FHC.
Os articuladores políticos do Planalto sabem das resistências de Fernando Henrique e dos tucanos.
Já desistiram de uma aproximação. Também trabalham com a hipótese de uma aliança de centro, mas apostam que ela se dê em torno do governo de Michel Temer, juntando os partidos do Centrão –como PP, PR, PRB, PTB, etc.– e, talvez, o DEM.
Marina nega abordagem
Em nota ao Poder360, Marina Silva negou ter sido procurada para discutir “uma aliança de centro”. Segundo a pré-candidata pela Rede, sua candidatura de 2018 visará a “independência da polarização” dos partidos.
Eis a íntegra da nota:
“Não é verdade que fui abordada para discutir uma aliança de centro. Desde 2010 que, em consonância com o desejo de mudança que perpassa diversos setores da sociedade brasileira, venho fazendo o esforço de quebrar a polarização que levou o país a essa grave crise. Nossa pré-candidatura em 2018 continua na mesma direção: de independência à polarização e a favor do Brasil.”