Desgaste dos partidos amplia traições e barganhas na eleição

By | 24/06/2018 6:06 am

 

(Bruno Boghossian, colunista da Folha, aborda temas da política nacional. Jornalista já integrou a equipe do “Painel” e foi repórter de política e economia).

 

A eleição de 2018 registrou sua primeira traição política de peso. Seis dias depois de posar sorridente para fotos ao lado de Márcio França (PSB) em São Paulo, a cúpula do PP bandeou para o lado rival e decidiu apoiar João Doria (PSDB) na disputa pelo governo do estado.

 

O vaivém em tempo recorde retrata a licenciosidade da corrida eleitoral deste ano. O desgaste dos partidos tradicionais e a incerteza da campanha embaçaram de vez as fronteiras entre diferentes campos políticos.

 

A pouco mais de três meses da disputa, ninguém é de ninguém. Ao subir ao altar com França, o PP paulista recebeu a promessa de que apadrinharia o chefe da Polícia Civil e o secretário do Meio Ambiente. Alguma cláusula foi descumprida, e o partido decidiu bater à porta de Doria.

 

Na imprevisível corrida presidencial, a dispersão é maior. Dirigentes do DEM jantaram com Ciro Gomes (PDT) na terça (19) para discutir um possível apoio ao candidato de esquerda. Horas depois, voltaram à direita e receberam Geraldo Alckmin (PSDB) para um café da manhã.

 

Até Jair Bolsonaro (PSL), que tenta manter distância da velha política, está em busca de um par que amplie a estrutura de sua campanha. Na próxima semana, seus emissários devem se reunir com o ex-deputado Valdemar Costa Neto, chefe do PR.

 

As novas regras eleitorais e as restrições ao financiamento de candidaturas supervalorizaram o mercado partidário. Sem dinheiro de empresas, as legendas precisam do tempo de TV e da máquina política das mega-alianças para decidir as eleições.

 

O ambiente ficou confuso principalmente porque PT e PSDB se enfraqueceram, deixando de ser polos naturais de atração. Siglas pequenas e médias passaram a flertar com um número maior de candidatos.

 

Em 2014, o então prefeito carioca Eduardo Paes chamou a aliança de seu PMDB com o DEM no Rio de “bacanal eleitoral”. Quatro anos depois, Paes se filiou ao DEM para disputar o governo do estado. Seria uma devassidão caso as siglas brasileiras tivessem algum significado real.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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