Elite econômica teme candidato do PDT(Ciro) e ex-prefeito petista (Haddad)

By | 26/08/2018 4:17 am

 

(César Felício, colunista do Valor Econômico)

Tanto Fernando Haddad, caso de fato seja candidato, quanto Ciro Gomes ainda contam com chances de ganharem a eleição. Haddad mais do que Ciro, uma vez que as recentes pesquisas de opinião já medem com clareza o potencial da transferência de votos entre Lula e o ex-prefeito e o cenário pulverizado faz com que o sarrafo para se passar para o segundo turno permaneça baixo.

Ciro dependerá do erro de seus adversários. Pode ganhar fôlego se a transferência petista não funcionar bem, se Bolsonaro ficar desmoralizado pelos ataques que receberá de Alckmin e se o tucano não conseguir colher os frutos de sua estratégia de destruição. O pedetista depende de combinação de resultados, não de suas próprias forças.

É esta dupla, Ciro e Haddad, que assusta certos segmentos do “establishment”, do grupo de pessoas que tem poder real nos dias de hoje. Bolsonaro entusiasma alguns. Marina não mete medo. Alvaro Dias, como o pinhão, só existe na copa das araucárias. Alckmin e Meirelles, para não falar em Amoêdo, moram no coração das grandes lideranças.

A começar por Ciro: a rejeição a ele no mercado financeiro não diminui um milímetro, independentemente do fato de algumas de suas propostas abrirem oportunidades para o mercado, como a capitalização da previdência com emissão de títulos do governo e a securitização das dívidas pessoais, dentro de uma grande renegociação comandada pelo Banco do Brasil, para citar apenas duas. Ele segue sendo uma besta-fera para a banca.

A explicação é que Ciro não fez nenhum compromisso de que blindaria as variáveis de juros e câmbios de decisões políticas, e nem há mais tempo para fazê-lo. Haddad também não fez isso, mas a ação de Lula como presidente em seu primeiro mandato ainda rende créditos para o PT. A banca tem certeza de que o PT fala coisas na campanha que não faz no poder. Em resumo, o mercado financeiro aposta que o discurso radical de Haddad é só conversa mole para a militância aceitar de modo indolor a ausência do chefe na urna.

Se Haddad provoca instabilidade é pela desconfiança que existe a respeito da sua força política. A prioridade de Haddad, está claro, será encontrar forma de libertar Lula. Cumprida esta meta, paira dúvida sobre o que virá a seguir. Será algo semelhante à experiência argentina de 1973? Do exílio, Perón bancou a candidatura de um preposto, que renunciou a seguir. Caso isso não aconteça Haddad saberá ou irá querer se impor aos radicais da sigla?

A insegurança a este respeito é grande na cúpula militar. O alto comando das forças não se sente confortável com a ascensão de Bolsonaro, mas o prefere quando do outro lado está um petista. Não se esquece no meio castrense a resolução sobre conjuntura divulgada pelo PT em 17 de maio de 2016, cinco dias depois do afastamento de Dilma Rousseff do poder. A autocrítica feita pelo petismo na ocasião calou fundo nos quartéis.

“Fomos descuidados com a necessidade de reformar o Estado, o que implicaria impedir a sabotagem conservadora nas estruturas de mando da Polícia Federal e do Ministério Público Federal; modificar os currículos das academias militares; promover oficiais com compromisso democrático e nacionalista”. Ao contrário da forma como o mercado financeiro recebe a parolagem petista sobre economia, os militares levaram a sério o documento de dois anos atrás.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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