As quimeras do PT

By | 16/09/2018 4:07 am

 

História que Haddad e o partido estão contando nesta campanha merece reparos

(Hélio Schwartsman, colunista da Folha)

 

“Por que a verdade não seria mais estranha do que a ficção? A ficção, afinal, precisa fazer sentido.” O chiste acima, atribuído ao escritor norte-americano Mark Twain, faz todo o sentido. Quem cria uma história precisa curvar-se às exigências da estrutura narrativa e da verossimilhança; já quem se limita a relatar fatos corre maior risco de parecer caótico e contraditório.

 

Gosto de Fernando Haddad. Considero-o um dos melhores quadros do PT. Mas a história que ele e o partido estão contando nesta campanha é fantasiosa demais para passar sem reparos.

 

Na narrativa petista, o país ia bem sob as administrações da legenda. Havia forte crescimento com distribuição de renda. As elites, porém, não podiam admitir que pobres enriquecessem e, por isso, decidiram desferir um golpe para tirar Dilma Rousseff do poder. Ao fazê-lo, destruíram a economia, nos lançando numa das piores recessões da história.

 

​E, para assegurar que o PT não voltaria, essas mesmas elites deram um jeito de montar uma farsa judicial para colocar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na cadeia. Eleger Haddad seria a única forma de resistir a esse ataque à democracia.

 

Simples demais para ser verdade. Entre os muitos furos na história, destaco os dois que me parecem mais graves. Não há alusão ao fato de que foram erros, alguns deles grosseiros, na política econômica de Dilma que precipitaram a crise.

 

Também não se menciona que o PT, ao lado de outros partidos, se envolveu em enormes esquemas de corrupção e que Lula foi sentenciado no curso de um processo regular, que correu num ambiente democrático. Mesmo que existam dúvidas sobre a suficiência das provas que o condenaram, não há como contestar que ele se meteu numa relação para lá de promíscua com empreiteiros, o que já basta para comprometê-lo no campo ético. (E olhem que ainda existe para ser examinada a delação de Palocci, que pela aproximação com Lula deve saber de muitas coisas)

 

Sempre que a história contada por um candidato for muito redondinha, desconfie.

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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