PT, volte a ser digno da hora (com comentário)

By | 13/10/2018 8:16 pm

 

O partido que existiu até agora acabou neste domingo e terá que salvar a democracia

(Celso Rocha de Barros, Servidor federal, é doutor em sociologia pela Universidade de Oxford (Inglaterra) e colunista da Folha de São Paulo).

O PT está prestes a ganhar algo raríssimo na política: uma segunda chance.

 

O fracasso de Michel Temer e as revelações da Lava Jato sobre os partidos de direita deram sobrevida ao Partido dos Trabalhadores e colocaram Fernando Haddad no segundo turno, na eleição mais importante de nossa história. Há eleições que se pode perder, mas essa não é uma delas.

 

É a chance do PT encerrar a crise que ajudou a começar com a política econômica do primeiro mandato de Dilma Rousseff. O primeiro passo, portanto, é abraçar a responsabilidade econômica que faltou a Dilma em 2012.

 

O segundo passo é até mais importante: precisa abandonar qualquer ressentimento, qualquer desejo de vingança causado pela crise política que seus adversários provocaram com o impeachment de Dilma Rousseff.

 

Enfim, é hora de esquecer o programa do primeiro turno e abraçar o programa da frente democrática que deve se formar no segundo. Esse programa deve reconhecer a necessidade de ajuste fiscal, corrigindo os defeitos do ajuste de Temer, e deixar de lado toda palhaçadinha de nova Constituição, controle da mídia, e demais babaquices que intelectual petista burro enfiou no programa de governo porque estava com raiva do impeachment.

 

Algumas dessas propostas podem até ser dignas de discussão, mas só depois de o PT reconquistar a confiança geral da população quanto à sua condição de partido responsável, na economia e na política.

 

Essa é a segunda chance do Partido dos Trabalhadores, mas também é a última. Se o PT perder para Bolsonaro, há uma perspectiva real de que os pobres brasileiros não consigam mais se fazer ouvir no sistema político por uma geração. O PT não tem o direito de impor aos pobres essa tragédia sendo incompetente ou radical.

 

Agora é a hora do partido voltar a ser a alternativa da esquerda democrática como foi nos anos Lula. A campanha no segundo turno deve ser a mais inclusiva possível para todo mundo, da esquerda, do centro ou da direita, que defenda a democracia contra Bolsonaro.

 

Haddad é perfeitamente capaz de levantar as bandeiras que o PT precisa defender, mas o partido precisa deixá-lo vencer. É preciso terminar de ganhar os votos que eram de Lula entre os pobres, o que o PT sabe fazer.

 

Mas também é preciso ganhar terreno no centro, que não está interessado em discurso imbecil contra Lava Jato ou a favor do vagabundo Nicolás Maduro.

 

É preciso deixar que os centristas democratas votem no PT. O partido que existiu até agora, aliás, acabou neste domingo (7).

 

Serviu para manter o eleitorado lulista unido e colocar Haddad no segundo turno. Agora Haddad, junto a Jaques Wagner e os governadores do partido —que já vêm fazendo ajuste fiscal faz tempo— devem recriá-lo.

 

Um partido de esquerda moderado sempre será favorito nas eleições brasileiras —o PT pode vencer a quinta presidencial seguida daqui a três semanas. É a última chance que o Partido dos Trabalhadores —de longe, o maior vitorioso de nossa história democrática, e, portanto, o maior interessado na preservação de nossa democracia —terá de desempenhar esse papel.

 

A sobrevivência da conversa democrática brasileira, a sobrevivência tanto da centro-esquerda quanto da centro-direita, nossa participação na comunidade das nações livres, depende da derrota de Jair Bolsonaro.

 

Partido dos Trabalhadores, torne-se digno da hora.
Comentário do programa – Decepcionado com o partido que abracei trinta anos atrás, por conta da prática desonesta que os petistas adotaram nos últimos dez anos, tinha decidido não votar mais no PT. Fiz uma concessão ao votar em Luiz Couto para o senado federal, já que ele era o único remanescente do PT pelo qual lutei. Votei em Ciro por representar o único representante do que sempre acreditei. Mas o resultado do primeiro turno me deixou diante de uma verdadeira “sinuca de bico”. No fim decidi votar em Haddad. Não por ser o candidato de Lula, que a meu ver deve continuar onde está, por haver traído todos os que acreditaram nele. Votarei em Haddad por ser a única alternativa para evitar que o Brasil seja entregue à incompetência e à truculência das viúvas da ditadura militar. Respeito os gays, os negros, as mulheres esnobados pelo “coiso”. Entendo que não se pode combater violência com mais violência, a prova está no Rio de Janeiro, onde a truculência do Exército não está conseguindo combater a violência do tráfico de drogas. Não se resolve o problema de nossa economia, assim como o desemprego, atentando contra os direitos dos trabalhadores, ameaçando o Ministério do Trabalho e a Justiça do Trabalho. Isto é o céu para os empresários, mas é o inferno para os trabalhadores. E ninguém sabe quem é mais truculento contra os direitos dos trabalhadores, o “coiso” ou seu vice,  a quem ficaremos entregues a qualquer fraquejada na saúde do titular se o país tiver a desdita de vê-lo na presidência. O eleitor consciente não pode se deixar iludir pelas promessas de combate a violência pela violência, de combate ao desemprego atentando contra os direitos dos trabalhadores, combatendo os direitos das minorias como se elas não fizessem parte da nação brasileira. É hora de criar juízo. Haddad pelo menos tem juízo. E por fim, porque o “coiso”  foge dos debates? Por que não tem capacidade de debater, por que não tem conhecimento para explicar suas propostas e o que elas representam para uma administração do país. Por que é um simples repetidor do que os seus assessores lhe sopram ao ouvido ou escrevem para que ele leia. Um verdadeiro ventríloquo, pois finge falar e os outros é que falam por ele. Ainda há tempo de evitar que o país seja entregue às viúvas da ditadura. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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