Aliados de Bolsonaro no Congresso querem votar agenda conservadora já

By | 29/10/2018 6:23 pm

Mas projetos como Escola sem Partido e redução da maioridade penal ainda enfrentam divergências

(Angela Boldrini , Bernardo Caram e Ranier Bragon, na Folha)

Congressistas alinhados ao presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) defendem a ideia de começar a votar ainda neste ano bandeiras das bancadas conservadoras da Câmara e do Senado. Apesar do entusiasmo, há divergências dentro desses grupos sobre o formato dos projetos.

Deputados e senadores da atual legislatura voltam ao trabalho normal em novembro para uma espécie de canto de cisne até meados de dezembro, quando o Congresso entra em recesso.

A volta ao trabalho ocorre só em fevereiro de 2019, já no governo Bolsonaro e com uma nova configuração —são 261 caras novas na Câmara (61% do total) e 46 no Senado (57%) em relação à atual legislatura.

Candidato à reeleição a presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ) busca apoio dos bolsonaristas justamente com a promessa de colocar em pauta ainda em 2018 projetos de interesse do grupo.

O principal deles é o esvaziamento do Estatuto do Desarmamento. Maia se encontrou na última semana com líderes da bancada da bala para tratar do assunto. Presidente da bancada, o deputado Alberto Fraga (DEM-DF) diz acreditar que será possível aprovar a proposta ainda neste ano.

“Isso foi acordado [com o presidente da Casa, Rodrigo Maia] antes da eleição”, disse.

Além disso, a bancada quer votar o projeto sobre abuso de autoridade, aprovado no Senado e parado pela Câmara, e a redução da maioridade penal de 18 para 16 anos, atualmente tramitando no Senado. “Depois que estiver liquidado o assunto do desarmamento, vamos falar com o Eunício [Oliveira, presidente da Casa] e os senadores para avançar”, afirmou.

Fraga, que é aliado e amigo de Bolsonaro, não estará na próxima legislatura. Concorreu ao governo do Distrito Federal em 2018, mas terminou em sexto lugar. A eleição para as presidências da Câmara e do Senado ocorre no dia 1º de fevereiro.

Outro projeto na ordem do dia das bancadas conservadoras é o Escola sem Partido.

A proposta parte do pressuposto de que a maior parte dos docentes prega proselitismo político de esquerda nas escolas. Determina, entre outros pontos, que sejam colados cartazes nas escolas com deveres dos professores. Entre eles, o de respeitar “o direito dos pais a que seus filhos recebam a educação moral que esteja de acordo com suas próprias convicções”.

Em tramitação em comissão especial da Câmara, o texto não estabelece o que aconteceria, por exemplo, em classes com alunos cujos pais comunguem de conceitos diversos em relação a religião e a “educação moral”.

Senador eleito, o deputado Marcos Rogério (DEM-RO), presidente da comissão que analisa a proposta, diz que se fosse membro da oposição, que é contrária ao tema, defenderia que o projeto fosse votado ainda neste ano. Para ele, o próximo Congresso terá viés mais conservador, o que pode endurecer o projeto.

Deputado de oposição reeleito, Orlando Silva (PC do B-SP) diz acreditar que Bolsonaro irá inflar uma “pauta de costumes” como cortina de fumaça para desviar o foco de projetos polêmicos, como a reforma da Previdência.

“Eles podem aprovar aqui e ali uma ou outra coisa, mas tudo isso será judicializado.”

“Temer se indispôs muito com a imprensa e acho que ele não vai ter coragem de colocar esses assuntos agora no fim do mandato”, disse.

Para o presidente do PP, senador Ciro Nogueira (PI), é preciso aguardar para ver se Bolsonaro vai manter o discurso de negação da política e as críticas à formação de governos de coalizão.

“Nada do que ele propõe depende dele. Depende do Congresso e ele tem que ter maioria lá. Hoje, ele não tem essa maioria”, disse. “Para as coisas boas, como aumento do Bolsa Família, ele tem 100% de apoio.

As coisas complicadas, que mexem com a vida das pessoas, com os direitos, aí é um problema.”

Na avaliação de medidas mais radicais, o Senado irá reforçar o papel de poder moderador, avalia a líder do MDB, senadora Simone Tebet (MS). A Casa terá formação partidária altamente pulverizada a partir de 2019.

“Tem áreas mais polêmicas, como maioridade e desarmamento, que a votação independe do número de partidos da base aliada. O voto vai ser individual.”

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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