Ao escolher Moro para o Ministério da Justiça, Bolsonaro lucra entre eleitores, mas abala relação com o Congresso (com comentário)

By | 03/11/2018 11:01 pm

 

(Painel da Folha)

Guerra fria em gestação Sucesso entre eleitores do PSL, o “sim” de Sergio Moro a Jair Bolsonaro bateu quadrado no Congresso. Integrantes de diversos partidos, da esquerda à direita, passando pelo centrão, dizem que a escolha do presidente eleito para o Ministério da Justiça foi vista como uma tentativa de emparedar o Legislativo, como se o agora ex-juiz fosse uma espada na cabeça de parlamentares. Deputados e senadores lembram, porém, que fora do Judiciário Moro ficará exposto, suscetível a CPIs e convocações.

Para a torcida Politicamente, é unânime, Bolsonaro marcou mais pontos com seu eleitorado e fortaleceu o discurso de que seu governo será intolerante com a corrupção ao levar Moro para a Esplanada.

Refém das escolhas Durante toda esta quinta (1º), após a resposta de Moro, políticos repisaram um ditado dos bastidores do poder: “Nunca nomeie alguém que não possa demitir”. Agora, Bolsonaro tem dois superministros que, se decidirem deixá-lo, farão estrago: Moro, claro, e Paulo Guedes, o guru da economia.

Tipo exportação Para o PT e para Fernando Haddad, que concorreu à Presidência pela sigla, a decisão de Moro dá força à ação que Lula move na ONU contra sua condenação.

Tipo exportação 2 Após a resposta de Moro, Haddad chegou a dizer que o ex-presidente “ganhou hoje a causa” no organismo internacional.

Presente de grego O convite de Bolsonaro a Moro, com a perspectiva de posterior indicação ao STF na vaga de Celso de Mello, que se aposenta em 2020, teria ultrajado o decano. Segundo uma pessoa próxima, ele se sentiu ofendido. Detalhe: a resposta de Moro veio no dia do aniversário de Mello.

Nego Após a publicação do Painel, o ministro Celso de Mello divulgou nota, na manhã desta sexta-feira (2), em que nega ter feito qualquer comentário sobre as especulações em torno da ida de Moro para a corte. Leia o texto do decano aqui.

Até o fim Diante das especulações de que os dois ministros que devem deixar o STF ao longo do próximo governo poderiam antecipar a aposentadoria, um membro da corte deu a seguinte resposta: “Esquece, ninguém sai”.

Fila Ao todo, 233 juízes podem disputar o posto de Moro. Depois que a exoneração for publicada, será aberto um edital, e os interessados em herdar os processos da Lava Jato poderão se inscrever. A escolha é feita com base na antiguidade. Quem estiver há mais tempo no cargo leva.

 

Comentário do programa –  A anunciada ida de Sérgio Moro para o Ministério da Justiça incomoda os políticos muito mais pelas decisões que ele vai tomar, a partir de empossado, do que pelas decisões judiciais que tomou até agora. O que os políticos brasileiros mais desejariam era acabar com a Lava Jato e serem anistiados dos processos a que respondem.  A ida de Moro para o Ministério da Justiça, entretanto, sinaliza um reforço na luta contra corrupção, já que Sérgio Moro vai controlar as polícias federais e outras instituições encarregadas do combate à corrupção. Os petistas vão “bramar” aos quatro ventos que Moro lutava por um cargo no governo Bolsonaro, quando o que moveu o juiz da Lava Jato foi o interesse em continuar a combater a corrupção dentro do próprio governo. As decisões do juiz federal que comandava a Lava Jato em Curitiba e que incomodaram a tanta gente, vão continuar valendo e não tem ONU que consiga derrubá-las, com o que sonham os petistas. Lula deve continuar preso e muitos outros se lhe seguirão, inclusive provavelmente o próprio Temer (hoje tão preocupado em “paparicar” Bolsonaro), assim que sair do Governo e perder o foro privilegiado que impediu fosse processado em dois processos já em curso e em um terceiro já bem adiantado. Mesmo que não faça um grande governo, só o fato de continuar o combate à corrupção, se isto realmente acontecer, já garantirá a Bolsonaro um lugar na história. As pesquisas já mostram o apoio a Bolsonaro na decisão de convidar Sérgio Moro para um fortalecido Ministério da Justiça, no comando de todas as áreas envolvidas na segurança e no combate à criminalidade, inclusive a corrupção. Jamais votaria em Bolsonaro, mas tenho que reconhecer se ele efetivamente continuar o combate a corrupção iniciada com participação efetiva do Judiciário de que fazia parte o juiz Sérgio Moro. Vamos continuar criticando tudo quanto Bolsonaro fizer em prejuízo dos trabalhadores brasileiros, mas o combate à corrupção não deixará de ser uma atenuante aos seus desacertos. (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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