(Painel da Folha)
Com ele, ou comigo Com dois ministérios garantidos para deputados filiados ao DEM na composição do próximo governo, o partido do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (RJ), desperta ciúmes em seus parceiros no centrão. Fortalecidos pelo resultado das urnas, que permitirá às suas bancadas manter influência na Casa na próxima legislatura, dirigentes do PP, do PR e do PRB ameaçam desembarcar do projeto de Maia de se reeleger na presidência da Câmara com apoio de Jair Bolsonaro.
Não fui eu Em suas conversas com os caciques do centrão, Maia argumenta que as indicações de Onyx Lorenzoni (RS) para a Casa Civil e Tereza Cristina (MS) para a Agricultura foram escolhas pessoais do presidente eleito, que não passaram pela cúpula do DEM.
Além da conta Líderes do centrão avisaram que, se o DEM conquistar mais uma cadeira no futuro ministério, o compromisso com a reeleição de Maia pode naufragar. O deputado Luiz Henrique Mandetta (DEM-MS) está entre os cotados para a Saúde.
Questão de estilo Onyx Lorenzoni trabalha para emplacar Mandetta na função, mas Bolsonaro tem indicado que prefere um nome de perfil técnico para administrar a área.
Sem escala Em encontro com parlamentares nesta semana, Rodrigo Maia prometeu eliminar etapas para acelerar a votação do projeto de lei que dá autonomia ao Banco Central ainda neste ano, se houver apoio suficiente dos partidos.
Cartão de visitas Uma das principais opções em estudo para o Meio Ambiente, o pesquisador da Embrapa Evaristo de Miranda esteve no gabinete da equipe de transição na quinta-feira (8) para conversar com Tereza Cristina, que participará da definição do futuro ministro da pasta.
Alvo fácil O diplomata Luís Fernando Serra, que foi embaixador na Coreia do Sul e está no páreo para chefiar o Itamaraty, ganhou pontos numa reunião da equipe de transição ao criticar o ex-chanceler Celso Amorim, que comandou a área no governo Lula.
Traquejo O diplomata chamou atenção de Bolsonaro durante a campanha eleitoral, quando o então candidato fez uma visita à Coreia do Sul e Serra organizou a recepção.
O que eles querem Auxiliares do presidente Michel Temer acham que falta clareza sobre os planos de Bolsonaro para a reforma da Previdência. Na sua avaliação, há pelo menos três visões diferentes sobre o problema: a do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, a de Onyx Lorenzoni e a do próprio presidente eleito.
Fazer diferença Para funcionários da Casa Civil, o esforço necessário para mobilizar o Congresso em torno do assunto não vale a pena se não for para aprovar mudanças significativas na Previdência, como a adoção de idade mínima para as aposentadorias.
Dá para fazer Na equipe de Bolsonaro, a avaliação é a de que só seria possível aprovar antes da posse do novo governo medidas menos ambiciosas, com menor impacto para a população e as contas da Previdência, e menor ônus político para os parlamentares.
Quem poupa tem Há também a preocupação do presidente eleito com a preservação do capital político que conquistou nas eleições. Bolsonaro prefere não gastá-lo à toa na largada e correr o risco de sofrer desgaste antes da posse, afirmam seus colaboradores.