O choque de realidade em Bolsonaro

By | 25/11/2018 6:50 am

 

Governo de transição expõe presidente eleito e o obriga a dar mais satisfações

(Leandro Colon, diretor da Sucursal da Folha em Brasília)

 

Divisões no núcleo duro do governo, mal-estar com o Congresso, apelo de governadores por dinheiro, ministros enrolados com o passado, outros questionados pelo currículo duvidoso, e o risco de colapso de relevante programa social.

 

Após três semanas de transição, o presidente eleito, Jair Bolsonaro, começa a se dar conta de que é muito mais fácil fazer campanha do que governar. No caso dele, uma campanha sem debates, com raras entrevistas e uma comunicação feita via rede social, escapando do contraditório.

 

A formação do novo governo inevitavelmente expõe Bolsonaro e o obriga a dar mais satisfações  do que desejaria. Ele não disfarçou o incômodo em ter de responder sobre a segunda suspeita de caixa dois em torno do seu ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni. “100% (da minha confiança) ninguém tem, ok?”, afirmou aos repórteres em relação ao episódio divulgado pela Folha.

 

Onyx, aliás, tem sido alvo de críticas de parlamentares pela dificuldade de interlocução com o Congresso

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Chefe da economia, Paulo Guedes percebeu que o menosprezo ao Legislativo tem efeito nocivo para os interesses do Planalto. Não à toa, procurou o presidente do Senado, Eunício Oliveira, para aparar as arestas.

 

Panelas ficam evidentes na nova gestão. Há o grupo dos generais, a turma da relação política, a ala econômica e o clã familiar do presidente eleito. Cada patota tentando ocupar espaços, dar palpite e influenciar no jogo de xadrez bolsonarista.

 

O gesto da ditadura cubana de anunciar a saída do programa Mais Médicos jogou antes da hora no colo de Bolsonaro o desafio de provar que suas convicções ideológicas não comprometerão os mais necessitados. Ficará nas mãos do seu governo a vida de quem precisa de assistência médica nos rincões do país.

 

Nada dito aqui é novidade na política brasileira. FHC, Lula, Dilma Rousseff e Michel Temer enfrentaram, reservadas as circunstâncias, problemas parecidos. A diferença é que, no caso de Bolsonaro, o governo de fato ainda nem começou.

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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