Conselheiro de Bolsonaro, general Heleno vai enfrentar uma nova guerra

By | 30/12/2018 6:54 am

 

Oficial de currículo invejável é conhecido por suas duras opiniões, que lhe custaram a chance de chefiar o Exército

(Igor Gielow, na Folha)

 

Decano do grupo de militares que cercou o capitão reformado do Exército Jair Bolsonaro em sua vitoriosa campanha à Presidência, Augusto Heleno Ribeiro Pereira odeia ser chamado de eminência parda do mandatário que assumirá no dia 1º.

 

Nega ser político, mas politicamente virou o conselheiro-chefe da corte bolsonarista, sendo indicado para ocupar o GSI (Gabinete de Segurança Institucional).

 

Membro mais influente fora do círculo familiar de Bolsonaro, Heleno rejeita ser um Golbery do Couto e Silva, general das sombras que mandava e desmandava no fim dos anos 1970 e começo dos 1980, na ditadura militar.

 

Aqui ele tem razão: sua visão política sempre foi dita à luz do dia, o que teve um preço. Ele passou pelo Gabinete Militar de Fernando Collor, mas sua carreira decolou numa gestão que abominava, a de Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

Foi, com Guedes e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), um dos primeiros a ser nomeado para o ministério ainda na campanha —no caso para a Defesa. Acabou no GSI para ficar mais próximo do núcleo decisório do governo.

 

Bolsonaro atribuiu a ele a indicação do novo titular da Defesa, também general da reserva Fernando Azevedo e Silva. Heleno desconversa.

 

Heleno era a escolha de Bolsonaro para o cargo de vice na chapa de Bolsonaro, mas uma picuinha eleitoral do PRP, partido ao qual filiou-se em abril deste ano, lhe tirou a legenda.

 

Com isso, Bolsonaro pediu ajuda ao único aliado, o PRTB, que lhe deu o polêmico Mourão —cujo linguajar é menos diplomático do que o usado hoje por Heleno.

 

Durante a campanha, foi o general que aplacou a ira da família de Bolsonaro contra a tentativa de protagonismo que Mourão ensaiou após o atentado que tirou o candidato da campanha de rua.

 

Como o vice, Heleno é muito mais articulado do que o novo presidente ao expor ideias. Seu contato com a mídia, em que pese criticá-la sempre que possível e até responsabilizá-la pelo atentado, sempre foi franco e irrestrito.

 

Essa proximidade de perfil e o gosto pelo comando sugerem arestas futuras na corte. Amigos de Heleno dizem que ele sabe que não teve voto, então irá jogar pelas regras. O ar de Brasília colocará à prova a fama de que a relação entre ele e Bolsonaro é inoxidável.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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