Brasileiro rejeita privatização, diz Datafolha (com comentário nosso)

By | 06/01/2019 5:57 am

 

Apesar da vitória de liberais, 60% são contra vender estatais, e 57%, contra redução da CLT

Por Igor Gielow,  na Folha

 

As eleições de 2018 consagraram políticos que se diziam comprometidos com princípios liberais na economia, como o presidente Jair Bolsonaro e os governadores João Doria (SP) e Romeu Zema (MG).

 

Mas dois itens usualmente associados a esse ideário, privatizações e redução das leis trabalhistas, são rejeitadas pela maioria dos brasileiros: 60% e 57% dos ouvidos pelo Datafolha sobre as práticas, respectivamente, discordam delas.

 

A pesquisa, realizada em 18 e 19 de dezembro, ouviu 2.077 pessoas em 130 cidades. A margem de erro é de dois pontos percentuais, para mais ou menos.

 

Ela aponta que 34% concordam que o governo deve vender o maior número possível de suas empresas.

 

Outros 5% não têm opinião formada, e 1% se diz neutro.

 

Tema presente de discussões eleitorais desde o pleito de 1989, a venda de estatais passou os anos do PT no poder (2003-2016) como um tabu.

 

É um clássico do marketing político o efeito que a associação entre o PSDB e a prática teve na candidatura de Geraldo Alckmin à Presidência em 2006. O tucano chegou a envergar um macacão com logomarcas de estatais, só para terminar o segundo turno com menos votos do que o primeiro, sendo derrotado por Luiz Inácio Lula da Silva (PT).

 

Hoje, apenas entre partidários da sigla de Bolsonaro, o PSL, o apoio às privatizações é majoritário: 65% defendem a medida.

 

Já entre aqueles que simpatizam com o PSDB, partido historicamente ligado à privatização devido às ações do governo Fernando Henrique Cardoso (1995-2002), o número cai a 41%.

 

Os petistas estão na ponta contrária, com o menor apoio entre quem declara simpatizar com partidos (29%).

 

Mesmo o novo presidente titubeia sobre o assunto. Enquanto seu ministro da Economia, Paulo Guedes, defende privatizações amplas, ele já fez a defesa de manter estatal o que considera estratégico.

 

Nesta sexta (4), Bolsonaro levantou dúvida sobre a compra da divisão de aviação civil da Embraer pela Boeing porque há a possibilidade de os 20% brasileiros da nova empresa serem vendidos aos americanos, ameaçando o que ele chamou de “patrimônio nosso” —embora a empresa seja privada

 

Segundo o Datafolha, apoiam mais as privatizações homens, pessoas com curso superior e moradores do Centro-Oeste e do Norte.

 

Além do grupo de simpatizantes do PSL, a maior concordância com a prática é registrada entre os mais ricos, aqueles que ganham mais de dez salários mínimos: 56%.

 

Já discordam mais da medida mulheres, pessoas com escolaridade média, moradores do Sul e do Nordeste e os mais pobres.

 

Já em relação à reforma trabalhista, se mostram a favor da redução de leis no setor 40% dos brasileiros.

 

Além dos 57% contrários, há também 3% de pessoas que dizem não ter opinião.

 

Aqui, homens, mais ricos e moradores do Sul são mais favoráveis à medida. No espectro de simpatia partidária, novamente aqueles que gostam do PSL de Bolsonaro lideram: 50%.

 

Entre os que mais a condenam estão os mais pobres, mulheres, moradores do Centro-Oeste e do Norte e simpatizantes do PT —estes com 65% de discordância.

 

SALÁRIO DAS MULHERES

Durante a campanha eleitoral de 2018, uma justificativa dada no passado pelo então presidenciável Jair Bolsonaro para o fato de que mulheres ganham menos do que homens nas mesmas funções foi resgatada e gerou polêmica.

 

Bolsonaro afirmara que o fato de mulheres poderem ter licença-maternidade levava empregadores a pagar menos a elas e dizia que faria o mesmo. Na campanha, quis negar e levar o debate para o campo institucional, afirmando que esse era um tema para a Justiça trabalhista.

 

O Datafolha perguntou, em pesquisa com 2.077 pessoas de 130 cidades feita em 18 e 19 de dezembro, se o entrevistado concordava ou não que a questão da remuneração feminina era um problema das empresas, e não do governo.

 

Metade dos ouvidos discordou. Outros 47% concordaram, um empate dentro da margem de erro de dois pontos com o percentual de quem concorda, enquanto 1% se disse neutro e outro 1% não soube responder.

Entre as mulheres, 52% acham que é problema do governo, enquanto 45% disseram que era assunto das empresas. Já entre homens, houve empate em 49% dos que concordaram com o enunciado e 48% que discordaram.

 

Na estratificação, se destacam entre grupos que acham que a questão não é só das empresas os mais jovens (de 16 a 24 anos, 58%) e quem tem curso superior (56%).

 

Comentário do programa – Se o novo governo insistir em privatizações desenfreada, em mexer nos direitos dos trabalhadores, em querer que mulher ganhe menos do que o homem só pela sua condição de mulher, mesmo aplaudido pelos que ganharem com isso, ele quebrará a cara, diante do povo brasileiro. E será julgado em 2022, se ousar  se candidatar à reeleição. (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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