Combate às facções (com comentário nosso)

By | 13/01/2019 6:00 am

 

Por mais que governantes tenham evitado divulgar a existência dos grupos, a realidade se impôs

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Em apenas uma semana, mais de 200 ataques foram registrados em cidades do Ceará. O vandalismo atingiu ônibus, automóveis, agências bancárias, delegacias e prédios públicos. Incêndios e disparos, além de ondas de boatos, assustaram a população do estado, fecharam lojas, reduziram o público nas praias e afugentaram turistas.

 

Os transtornos foram orquestrados por facções criminosas, que já acumulam longo histórico de atos de violência pelo Brasil. O marco mais expressivo dessa espécie de terrorismo foram os acontecimentos que atemorizaram São Paulo em 2006, patrocinados pelo Primeiro Comando da Capital (PCC).

 

Desde então, essa e outras organizações, como o Comando Vermelho, ampliaram suas áreas de atuação não apenas em território brasileiro, mas também em países vizinhos com significativa produção de drogas ilícitas.

 

Por mais que governantes e setores da opinião pública tenham evitado divulgar a existência dessas facções, a realidade se impôs —e uma série de livros e estudos acadêmicos passou a alertar para as dimensões do problema.

 

Não por acaso, o novo ministro da Justiça, Sergio Moro, que se notabilizou por desbaratar esquemas poderosos de corrupção, anunciou como um dos principais objetivos de sua pasta o combate a essa modalidade de crime.

 

Acertadamente, Moro pretende criar condições para asfixiar as finanças desses grupos e reduzir a influência deles nos presídios.

 

Quanto a esse aspecto, não é improvável que o ex-juiz tenha de reavaliar algumas linhas anunciadas pelo presidente para a área de segurança, a começar pela disposição de aumentar o aprisionamento num contexto de superlotação e abandono jurídico de grande parte dos encarcerados —muitos nem sequer condenados.

 

No Ceará, os ataques foram uma reação à iniciativa do governo estadual de enfrentar o descontrole nas instituições prisionais.

 

Camilo Santana (PT), que inicia o segundo mandato no comando do estado, anunciou a criação da Secretaria de Administração Penitenciária, para a qual nomeou Luís Mauro Albuquerque, quadro com relevante atuação no setor. Foi no dia seguinte à nomeação que os ataques começaram.

 

Com dificuldades para conter a onda de violência, o governo petista pediu ajuda federal. Como deve ser, o Ministério da Justiça determinou o envio de tropas da Força Nacional de Segurança.

 

Será de monta o desafio a ser enfrentado por Moro e pelo novo governo nessa área. Não há, contudo, alternativa senão tratá-lo como uma das prioridades nacionais.

 

Comentário do programa – Entendemos que, apesar do preço que estão pagando, as autoridades cearenses estão no caminho certo. Ao separar os presos por facções elas só estavam valorizando estas facções e facilitando o trabalho de recrutamento de novos participantes feito por elas. Se os presos se estraçalharem uns aos outros, estão facilitando o trabalho da Justiça, uma vez que a maioria deles é irrecuperável. Será “cobra engolindo cobra”. Basta juntá-los por artigo do Código Penal. 121 com 121, 157 com 157 e assim por diante. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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