Governo Bolsonaro tem média de um recuo por dia

By | 13/01/2019 5:44 am

 

Equipe voltou atrás em pelo menos nove decisões anunciadas (com comentário nosso)

(Marina Dias, na Folha)

 

Nos primeiros nove dias como presidente, Jair Bolsonaro voltou atrás em pelo menos nove decisões anunciadas por seu governo.

 

A média de um recuo por dia reflete a falta de planejamento do primeiro escalão e a personalidade dispersa e pouco assertiva do presidente.

 

Recuo 1 – Salário Mínimo – No dia 1º de janeiro, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, garantiu que as primeiras medidas de Bolsonaro só viriam no dia seguinte. Horas depois, o presidente assinou o decreto que reajustava o salário mínimo de R$ 954 para R$ 998 Em sua estreia no terceiro andar do Palácio do Planalto, na terça-feira (1º), Bolsonaro assinou o decreto que reajustava o salário mínimo de R$ 954 para R$ 998.

 

A chancela do presidente, porém, foi anunciada horas depois que o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, havia garantido que as primeiras ações do novo chefe do Executivo sairiam somente a partir do dia seguinte.

 

Além da primeira escorregada do ano, o principal auxiliar político de Bolsonaro foi personagem relevante de outras quatro mudanças de discurso: o aumento do IOF, a redução da alíquota do Imposto de Renda, a “despetização” dos servidores públicos e o anúncio das metas prioritárias do governo.

 

Na semana passada, Onyx foi escalado para avisar publicamente que o presidente havia se “equivocado” ao anunciar o aumento do IOF (Imposto de Operações Financeiras) e da redução da alíquota do IR, de 27,5% para 25%.

 

Bolsonaro deu publicidade às medidas na sexta (4), mas foi desmentido pouco tempo depois pelo secretário da Receita Federal, Marcos Cintra.

 

Onyx disse que havia estudos sobre o aumento do IOF que foram descartados, mesmo depois de Bolsonaro ter dito que assinara um decreto sobre o assunto.

 

Foi também o chefe da Casa Civil quem bateu bumbo para a exoneração de 320 servidores vinculados a sua pasta.

 

Segundo ele, era preciso identificar os funcionários nomeados durante as gestões de Lula e Dilma Rousseff e tirá-los de vez do Planalto.

 

A saída em massa dos servidores paralisou o trabalho da Comissão de Ética Pública, que perdeu 16 dos 17 funcionários de sua equipe.

 

Dias depois, no entanto, o colegiado anunciou a readmissão dos servidores para evitar prejuízo dos trabalhos.

 

Na terça-feira (8), o general Augusto Heleno, que comanda o GSI (Gabinete de Segurança Institucional), desmentiu Onyx sobre a existência de um plano de anúncio das medidas prioritárias do governo.

 

Após as duas reuniões de Bolsonaro com seus 22 ministros, o chefe da Casa Civil prometeu divulgar metas para os 100 primeiros dias da gestão, mas nada aconteceu.

 

A disputa entre os núcleos político e econômico dos governos é comum desde a redemocratização, mas causou estranhamento entre os observadores mais experientes de Brasília um atrito exposto tão rapidamente.

 

Além dos dois grupos, a gestão de Bolsonaro conta ainda com o militar. São sete no primeiro escalão

.
O chefe do GSI foi quem também acabou com a polêmica sobre a instalação de uma base militar americana no Brasil.

 

Bolsonaro havia dito, em entrevista ao SBT, ver uma possibilidade de receber a base. Heleno, no entanto, afirmou que Bolsonaro disse que nunca falou do tema e que foi feito “um auê” sem razão.

 

O general-ministro também foi categórico ao descartar interrupção, por parte do governo, do acordo entre Embraer e Boeing, fechado em dezembro e que precisa do aval do Planalto. Bolsonaro havia colocado dúvidas sobre a continuidade do negócio.

 

Nesta quarta (9), o governo Bolsonaro voltou atrás mais duas vezes: na suspensão do processo de reforma agrária e nas mudanças no edital de compra de livros didáticos pelo Ministério da Educação.

 

O edital havia deixado de exigir das editoras referências bibliográficas e o compromisso com a agenda da não violência contra mulheres, promoção das culturas quilombolas e dos povos do campo.

 

É provável que haja novos recuos, sobre a reforma da Previdência, por exemplo. Bolsonaro chegou a defender uma idade mínima de 57 anos para a aposentadoria de mulheres e 62 para homens.

 

A proposta não agrada ao ministro Paulo Guedes e o texto nem mesmo foi fechado pelo time dele.

Comentário do programa – Os desencontros de informações mostram o despreparo de alguns integrantes do governo. Um diz uma coisa, muitas vezes o próprio Presidente, que depois é corrigido por quem tem mais conhecimento ou o verdadeiro conhecimento sobre o assunto. Isto muitas vezes traz prejuízos. A afirmação de Bolsonaro de que o acordo Boeing/Embraer poderia ser vetado fez com que as ações da Embraer (uma empresa brasileira) perdessem valor na Bolsa. A firmação do presidente admitindo a possibilidade de autorizar uma base americana no Brasil mostrando nossa serviência aos Estados Unidos, foi corrigida por um dos seus generais, mostrando os desencontos da cúpula com os militares brasileiros. (LGLM)

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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