Cerco às facções (com comentário nosso)

By | 17/02/2019 5:30 am

Transferência renova esperanças de que o Estado combata o crime de forma mais articulada

Editorial da Folha)

Numa operação que mobilizou um arco de instituições vinculadas à segurança pública, da esfera estadual ao governo federal, o chefe da facção criminosa Primeiro Comando da Capital (PCC), Marco Camacho, foi transferido do presídio de Presidente Venceslau, no oeste de São Paulo, para o sistema federal.

 

Além de Marcola, como é conhecido o prisioneiro de alta periculosidade, foram removidos 21 membros da organização que nasceu no interior paulista, em 1993, e exerce vasta e deplorável influência em penitenciárias do país.

 

Em 2006, quando Marcola e outros membros do PCC foram mandados para a instituição de segurança máxima de Presidente Venceslau, eclodiu uma onda de ataques e rebeliões que ficou na memória como um marco infame da violência patrocinada pela facção.

 

Temores quanto a novas retaliações levaram as autoridades a organizar, agora, amplo esquema de prevenção, que envolveu polícia, Forças Armadas e Força Nacional de Segurança Pública (FNSP).

 

Na quarta, dia da operação, a PM foi mobilizada para vigiar mais de 3.300 locais, enquanto a Secretaria da Administração Penitenciária promovia revistas em praticamente todas as unidades do estado.

 

Em Brasília, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) assinou decreto de Garantia da Lei e da Ordem para autorizar tropas militares em torno dos presídios federais de Mossoró (RN) e Porto Velho (RO).

 

Por sua vez, o ministro da Justiça, Sergio Moro, que assumiu compromissos, ao tomar posse, de combate ao crime organizado, providenciou o apoio da FNSP para reforçar a vigilância da penitenciária de Brasília —o terceiro destino aventado para receber os detentos.

 

Moro editou ainda portaria que muda as regras para as visitas a presos em instituições federais. Os contatos ocorrerão apenas por meio de parlatório e videoconferência, à exceção de presos que demonstrem “ótimo comportamento carcerário” durante um ano.

A transferência de Marcola e outros detentos já havia sido pedida pelo Ministério Público no ano passado, em decorrência da descoberta de um plano cinematográfico de fuga, que utilizaria mercenários estrangeiros, dois helicópteros, lança-mísseis e metralhadoras.

A apreensão de uma suposta carta que determinaria a eliminação de um promotor reforçou a decisão, agora implementada.

 

A operação renova esperanças de que as autoridades assumam atitude mais decidida e articulada no combate às facções criminosas. O descontrole que se instalou na segurança pública é, sem dúvida, um descalabro nacional.

 

Será difícil oferecer perspectiva de melhora à sociedade enquanto bandidos comandarem grande parte do sistema prisional e emitirem ordens de seu interior para que se matem desafetos e se organizem verdadeiros ataques terroristas.

 

Comentário do programa – O Governo Federal tem a obrigação moral de dominar as facções, sob pena de perder o controle da segurança do país. (LGLM)

 

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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