Estratégia de Bolsonaro será isolar Bebianno até desfecho da crise de governo (com comentário nosso)

By | 17/02/2019 5:10 am

 

Em reunião, ministro foi informado que, por enquanto, segue no cargo. Presidente foi convencido a aguardar investigação da Polícia Federal

(Gustavo Uribe e Talita Fernandes, na Folha)

 

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) pretende adotar a estratégia de isolar o ministro da Secretaria-Geral, Gustavo Bebianno, até que investigação aberta pela Polícia Federal demonstre que ele não cometeu irregularidade no escândalo das candidaturas laranjas do PSL, revelado pela Folha.

 

Em reunião nesta sexta-feira (15), Bebianno foi informado pelo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, que o presidente suspendeu o seu afastamento do posto. A ideia é aguardar o avanço da apuração para definir se ele permanecerá ou deixará a função

 

Segundo auxiliares presidenciais, ao longo do dia, Bolsonaro foi convencido por ministros e deputados de que a saída do ministro neste momento poderia prejudicar a relação entre Executivo e Legislativo, sobretudo em relação à reforma previdenciária, que deve ser enviada na quarta-feira (20).

 

Encurralado desde quarta-feira (13), Bebianno passou os dois últimos dois dias em reuniões com deputados e ministros, numa tentativa de esfriar a crise de governo. Nesse movimento, conseguiu o apoio da cúpula militar e da maior parte da bancada federal do PSL, que acabaram demovendo Bolsonaro.

 

Com a permanência temporária de Bebianno, e diante de seu desgaste de imagem, o presidente foi aconselhado, como definiu um assessor palaciano, a manter o ministro “no banco de reserva”, tornando-o um auxiliar de “segunda classe”.

 

A ideia, apoiada inclusive pelos filhos de Bolsonaro, é de que ele seja submetido a um processo de esvaziamento, excluindo-o de reuniões, agendas, viagens e eventos para não “contaminar o governo” até que a Polícia Federal chegue a uma conclusão.

 

Bebianno presidiu o PSL entre janeiro e outubro de 2018. Após a Folha revelar que o esquema ocorreu durante o período, o vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), filho do presidente, acusou o ministro de ter mentido ao declarar que havia tratado do tema com o presidente.

 

A crítica, feita nas redes sociais, foi compartilhada no perfil oficial de Jair Bolsonaro, que afirmou, em entrevista à TV Record, que se Bebianno estiver envolvido no esquema, poderia “voltar às suas origens“, o que ampliou a pressão para que o ministro pedisse demissão do cargo.

 

A postura de Carlos foi considerada inadmissível pela cúpula militar do governo. O maior crítico foi o ministro do GSI (Gabinete de Segurança Institucional), Augusto Heleno, que defendeu em conversas reservadas o afastamento do filho das redes sociais do presidente.

 

O presidente, porém, não tomou uma decisão sobre o tema. A avaliação no Palácio do Planalto é de que Carlos, que tem um temperamento considerado difícil, pode até, temporariamente, reduzir o tom das críticas a integrantes do governo nas redes sociais, mas que é impossível afastá-lo definitivamente.

 

O diagnóstico é de que o presidente se colocou em uma situação delicada diante da crise ao ter compartilhado a manifestação do filho. Segundo relatos, o presidente não esperava que Bebianno fosse insistir tanto em seguir no posto.

 

Caso Bebianno caia ao fim do processo, o governo avalia duas possibilidades: ou entregá-la a um parlamentar do PSL, tentando reduzir o dano com o episódio, ou extingui-la, passando as atribuições para a Casa Civil ou Secretaria de Governo.

 

Comentário do programa – Esta história de dinheiro investido em candidaturas laranjas do PSL está “fedendo a queimado”. Um partido que se queria paladino da lisura e da honestidade estaria metido até as orelhas nas suspeitas de desvios do Fundo Partidário. E como fica o presidente eleito pelo partido que se apresentava como um guerreiro contra a desonestidade? (LGLM)

 

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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