A renúncia de Bonifácio pegou a todos de surpresa

By | 07/04/2019 5:31 am

 

O anúncio da renúncia de Bonifácio pegou a todos de surpresa. E a primeira pergunta que se fazia era o que tinha determinado a sua decisão. A carta em que comunica sua renúncia ao presidente da Câmara de Vereadores, como manda a praxe administrativa, ele foi lacônico. Depois distribuiu com a imprensa uma carta onde justifica os seus motivos. Políticos, administrativos e de foro íntimo.

 

Carta em que Bonifácio explica os motivos da sua renúncia

RENÚNCIA

 

Consciente do chamado da justiça para cumprir uma interinidade que poderia ser interrompida a qualquer momento, dei o melhor mim a cada dia como se fosse o último da nossa gestão.

 

O pensamento foi direcionado exclusivamente para restabe’ecer a estima de um povo maltratado pelos acontecimentos políticos administrativos dos últimos anos. Nessa missão que me confiada contei com o apoio de pessoas íntegras a quem agradeço imensamente.

 

Nossa gestão buscou reconhecer direitos ao tempo em que realizou economias em diversas frentes, a exemplo de combustiveis, serviços, limpeza, iluminação, locação, enfim… rescindiu contratos e passou a licitar serviços em atendimento pleno à legislação vigente.

 

Nossa gestão desagradou muita gente com interesses não republicanos. Sofreu ataques injustamente. Mantivemos a resiliência e o equilbrio porque sabíamos que estávamos fazendo a coisa certa e de consciência tranquila.

 

Dei o exemplo, recebi do Poder Público o líquido do meu salário.

 

Infelizmente, deparei-me com uma realidade doente, culturalmente, em se tratando da briga pelo poder. Onde já não havia reciprocidade de todas as forças que poderiam atuar para o bem da cidade. Falo da cidade, pois desde o primeiro dia do nosso mandato interino deixei claro que não havia pretensão de promoção pessoal.

 

Chegamos num momento que, por tudo que envolve a briga insana pelo poder, já não vejo as mesmas condições para continuar avançando, mesmo retornando a cidade para os trilhos. A eleição que se aproxima contamina uma oportunidade e passa a ser objetivo principal de muitos.

 

Sei que restabelecemos a governabilidade diante de caos estabelecido, destravamos projetos, muitas obras a iniciar e iniciando e muitas licitações em fase conclusiva, nos preocupamos por algum tempo a sanar todas as inconsistências dos projetos, viabilizando-os para a execução.

 

Acredito que a partir desse ponto, um novo choque e novas ideias trarão mais benefícios para a cidade do que persistir em remar contra uma correnteza mais forte do que as minha forças. Nunca quis e nem quero benefício próprio. Agradeço a  todos os que nos ajudaram até aqui e que Patos não desperdice o que conquistamos no restabelecimento da moral com a coisa pública.

 

Bonifácio Rocha de Medeiros

 

Comentário do programa – Concordamos plenamente com Bonifácio Rocha. Ele levou a peito recuperar a confiança dos patoenses na administração pública, depois dos problemas que a atropelaram nos últimos anos. Dois prefeitos constitucionais afastados por suspeitas com relação à aplicação dos recursos públicos. Para executar esta recuperação da confiança ele contou realmente com o apoio de pessoas íntegras. Aproveitou algumas da administração de Dinaldinho e nomeou outras que merecessem a sua confiança. Respeitou o direito de quem tinha direito e realizou economias indispensáveis para o equilíbrio das contas públicas como as de combustíveis, serviços, limpeza, iluminação, locação de veículos. “Rescindiu contratos e passou a licitar serviços em atendimento pleno à legislação vigente”. Este um dos motivos das pressões que sofreu durante seus oito meses de mandatos e, principalmente, nos últimos dias. A prática costumeira é utilizar as licitações para atender interesses pouco repuclicanos.Beneficiar determinadas pessoas, em prejuizo do erário. Isto mexeu com interesses e originou pressões que se tornaram insuportáveis para um cidadão de vida limpa e sem interesses inconfessáveis.  “Nossa gestão desagradou muita gente com interesses não republicanos. Sofreu ataques injustamente. Mantivemos a resiliência e o equilbrio porque sabíamos que estávamos fazendo a coisa certa e de consciência tranquila”.  Os ataques foram de parte de pessoas que têm interesses não republicanos. Pessoas que tiveram os interesses contrariados. Gente acostumada a se aproveitar da administração para se locupletar. “Dei o exemplo, recebi do Poder Público o líquido do meu salário”. Em outras palavras, só levou da administração o seu salário líquido ou seja com os descontos de Previdência e Imposto de Renda. O que se viu por trás das críticas, foi a disputa pelo poder, atual e futuro, de gente que só pensa em se locupletar agora e preparar o terreno para futuras eleições. Pessoas que deviam estar unidas com ele, procurando fazer o bem da cidade e só pensavam em si. Tudo isso junto causou o impasse que o levou à renúncia. Não por covardia, mas por não conseguir ir adiante. Consciente do que avançou na administração, recuperando a governabilidade, destravando projetos e iniciando obras, espera que sejam aproveitados estes avanços no restabelecimento da moral no uso da coisa pública.

Bonifácio deixou nas entrelinhas um fato que permeia todo o problema da administração municipal e contra o qual ele lutou enquanto pode. Qualquer que seja o administrador de Patos, só saneia as contas públicas se fizer uma severa redução da Folha de Pagamento. Todas as economias que fez durante a a sua administração barravam no custo mensal da Folha de Pagamento. Manteve-a atualizada, sem pedaladas, sem os costumeiros desvios de recursos de outras áreas. Os fornecedores de seu período foram pagos em dia. Mas com economias que terminaram impactando áreas como Saúde e Educação, apesar dos esforços dos seus Secretários de Saúde e Educação. A redução da Folha é medida antipática e, aparentemente antissocial, mas imprescindível a quem queira “tocar o barco para a frente”. Embora não confesse claramente em sua carta, as resistências a estes cortes nas folhas de comissionados e contratados, foram um dos motivos para a sua renúncia. Não cheguei a conversar com Bonifácio imediatamente antes nem depois de sua renúncia, mas vinha acompanhando de perto a administração e por isso cheguei a estas conclusões. (Luiz Gonzaga Lima de Morais)

Comentário

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About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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