Bolsonaro parece disposto a remover o entulho(com comentário nosso)

By | 07/04/2019 4:56 am

 

Bolsonaro dá sinal de render-se ao bom senso com o propósito de demitir Vélez

(Editorial da Folha)

 

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) vai enfim mostrando a disposição de se livrar de problemas que ele próprio criou para seu governo.

 

Na quinta-feira (4), deixou de ser refém da ladainha contra a “velha política”, ao iniciar uma rodada de encontros com dirigentes de partidos representados no Congresso com vistas à negociação da essencial reforma da Previdência.

 

No dia seguinte, indicou, ainda que de forma um tanto dúbia, a intenção de demitir o ministro da Educação, Ricardo Vélez Rodríguez —providência óbvia que havia rechaçado na semana anterior. “Está bastante claro que não está dando certo”, afirmou agora. “Segunda (8) é o dia do fico ou não fico.”

 

Que não fique. Difícil recordar uma nomeação ministerial mais desastrada que a de Vélez. Não que ele tenha sido o primeiro despreparado a assumir uma pasta crucial em Brasília; outros, porém, tiveram o bom senso de se cercar de técnicos experimentados ou, ao menos, de manter alguma discrição.

 

O professor colombiano de filosofia chegou por vias tortas ao MEC. Noticiava-se que a escolha recairia sobre Mozart Ramos, de passagem bem avaliada pela Secretaria de Educação de Pernambuco, quando Bolsonaro decidiu dar ouvidos a pressões da bancada evangélica no Congresso.

 

O nome de Vélez obteve o respaldo do escritor direitista Olavo de Carvalho e foi associado ao movimento Escola sem Partido, que se propõe a combater a difusão de teses de esquerda em salas de aula. O ideário tresloucado logo se transformaria em caos administrativo.

 

Sem experiência em gestão pública, o ministro trouxe mais neófitos, entre olavistas e ex-alunos, para sua equipe. Instalou-se na pasta uma confusa disputa pelo poder entre militares e ideólogos, levando a uma espiral de demissões.

 

Em vez de cuidar dos enormes desafios do ensino básico nacional, Vélez se dedica a uma pauta obscurantista que inclui patrulhar o Enem e retirar menções a ditadura militar dos livros didáticos.

 

É evidente o potencial de estrago que tamanho desgoverno pode produzir num ministério fundamental, dono do segundo maior orçamento da Esplanada, de R$ 136,8 bilhões neste ano. Esse não constitui o único estorvo no primeiro escalão, contudo.

 

Na minúscula pasta do Turismo, que dispõe de pouco mais de R$ 1 bilhão, Marcelo Álvaro Antônio cria embaraços crescentes para a administração, dados os sinais de seu envolvimento com o esquema de candidaturas de fachada do PSL, revelado por esta Folha.

 

Reporta-se agora que, após 30 dias de investigação, a Polícia Federal coletou testemunhos e documentos que implicam Álvaro Antônio no escândalo. Nesta sexta (5), o presidente disse que “ainda não é o caso” de tomar uma medida quanto à permanência do auxiliar.

 

Não parece haver muito a esperar, porém —outro expoente do PSL ligado aos laranjas, Gustavo Bebianno, já deixou a Secretaria-Geral da Presidência. Bolsonaro fará bem em apressar a remoção do entulho que atravanca seu governo.

 

Comentário do programa – As coisas desandam no Governo Bolsonaro. Em pouco mais de três meses, o Ministro (Bebianno) já foi defenestrado e dois (os da Educação e do Turismo) estão na “corda bamba), prova de que foram mal escolhidos. (Luiz Gonzaga Lima de Morais)

 

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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