Por que a Câmara desistiu de cassar Dinaldinho?

By | 25/04/2019 9:55 am

(Publicado no Patos Online, em  25/04/2019  09:45) 

 

A notícia de que a Câmara de Vereadores de Patos, na sessão da terça-feira, 23/04, decidira arquivar o processo que poderia resultar na cassação do mandato de Dinaldinho pegou a todos de surpresa.

 

“Escutamos nossa assessoria jurídica, amigos vereadores desta Casa e nos disseram que deveríamos arquivar essa denúncia. Quem quiser poderá dar continuidade a esse processo, mas a nossa comissão decidiu por arquivar”, explicou Lucinha. (Patos Online)

 

Lucinha fez uma explanação das denúncias, e ao final da leitura, votou pelo arquivamento das denúncias, no entanto, deixou claro, que a decisão estava ligada a um pedido do prefeito interino Sales Júnior (PRB). (Patos Online)

 

Com relação ao pedido de Sales Júnior, segundo Lucinha, este teria sido feito dois dias antes da renúncia de Bonifácio Rocha. (vídeo divulgado pelo Patos Online).

 

Apesar de Lucinha ter justificado a decisão pelo arquivamento com um pretenso pedido do então presidente da Câmara, Sales Júnior, interpretações diversas surgiram com relação àquela decisão. Para uns, o pedido de Sales teria sido feito depois que assumiu a prefeitura e não dois dias antes, para outros seriam diversas as razões de Sales.

 

Vamos rememorar alguns fatos para que se entendam as várias razões sugeridas para o arquivamento do processo.

 

A denúncia contra Dinaldinho e Bonifácio foi feita pelo advogado Claudinor Lúcio, que fez parte da equipe do ex-prefeito Lenildo Morais. Mas caiu como “sopa no mel” para os vereadores de oposição e da base. Seria um instrumento perfeito para fazer pressão e até chantagem contra o então prefeito interino, Bonifácio Rocha, que resistia a atender pedidos dos vereadores de sua base e outros que o haviam abandonado. Os pedidos, segundo os observadores, seriam de nomeação de parentes e cabos eleitorais daqueles vereadores para cargos comissionados e contratos na Prefeitura e, segundo as más línguas, o restabelecimento do até hoje não provado, mas por muitos admitidos “mensalinho” de cinco ou seis mil reais, que Dinaldinho viria pagando, mas que Bonifácio se recusava terminantemente a pagar. E não o fez certamente até renunciar.

 

O processo teria passado a ser uma “faca no pescoço” de Bonifácio Rocha, o que teria inclusive influído na sua renúncia por não conseguir resistir às pressões.

 

Com a renúncia de Bonifácio Rocha, o processo teria perdido uma das suas razões de ser, por isso, decidiram pelo seu arquivamento.

 

Outra razão aventada para a decisão pelo arquivamento do processo que pretendia cassar Dinaldinho seria, segundo inclusive alertamos em nossos programas, com base em avaliação de quem conhece de perto os humores da maioria dos nossos vereadores, a falta de votos suficientes para isso. Para cassar Dinaldinho, quando o próprio Ministério Público Estadual não encontrou até agora motivos para uma denúncia, apesar de mais de oito meses decorridos do seu afastamento, seriam necessários os votos de doze vereadores. Como encontrar os sete ou oito votos, além dos votos da oposição, se pelo menos doze dos atuais vereadores “comeram do bolo” durante a administração de Dinaldinho, recebendo os mais diversos benefícios? Sem contar com aqueles que lhe permanecem fiéis, por entender que de nada podem culpá-lo? Para cassá-lo teriam que concordar com as pretensas irregularidades de um governo de que eles participaram e cujas decisões, em grande parte, aprovaram.

 

Outra das razões, apontadas desde algum tempo por alguns observadores, seria a de que Sales não teria a garantia de que, no caso de eleições indiretas, ele seria o escolhido, já que parte dos vereadores da base de Dinaldinho podia se juntar à oposição e escolher um outro candidato. E já haveria até um acordo para isso. Este poderia ser um dos motivos pelos quais Sales teria pretensamente pedido o arquivamento. Sem cassação de Dinaldinho pela Câmara, Sales Júnior poderia governar até uma decisão definitiva sobre a situação do prefeito eleito, podendo isto se estender até o final do mandato.

 

A resposta à pergunta do título pode jamais ser conhecida oficialmente, mas ficam aí algumas razões, colhidas nos últimos dias de vários observadores da política local, sobre os possíveis motivos da decisão da Câmara. (Luiz Gonzaga Lima de Morais)

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Category: Blog

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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