Após nova acusação, aliados de Bolsonaro atuam para tirar Bivar do comando do PSL
Representantes do partido avaliam que situação do deputado afeta imagem do presidente
(Deu na Folha)
Aliados do presidente Jair Bolsonaro (PSL) deram início a uma articulação para tirar o deputado Luciano Bivar (PE) do comando do PSL.
Na manhã deste sábado (8), o senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) participou de uma reunião no Palácio da Alvorada com o presidente para discutir a situação do dirigente.
Também estiveram no encontro os advogados Karina Kufa, que comanda a área jurídica do PSL, e Antonio Rueda, vice-presidente da sigla.
O movimento de afastamento de Bivar ganhou força depois de a Folha ter mostrado que o dirigente da legenda apresentou à Câmara e ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) notas ficais de empresas que negociam a venda desse tipo de documento.
A avaliação é que situação do deputado afeta negativamente a imagem de Bolsonaro, que já sofre o desgaste de outras acusações envolvendo o partido, como a de candidaturas de laranjas.
No encontro deste sábado no Alvorada, foram tratadas opções jurídicas para justificar o afastamento de Bivar.
A ideia dos aliados de Bolsonaro é ampliar o controle da família do presidente sobre o PSL.
Há a preocupação, no entanto, que a eventual saída de Bivar crie traumas com a bancada do partido no Congresso, já que não há unidade interna no repúdio à conduta de Bivar.
Deputados e senadores ouvidos reservadamente pela Folha dizem que o deputado conta com o apoio de parlamentares, embora esse suporte não seja unanimidade.
Após a notícia de que Bivar usou empresas que emitem notas frias para justificar gastos, a bancada do PSL se dividiu entre apoio e silêncio. No grupo de Whatsapp dos deputados, o presidente nacional da legenda deu sua versão da história e recebeu apoio de cerca de 15 a 20 correligionários. A bancada do PSL tem 54 deputados e quatro senadores. Muitos preferiram não se manifestar para não se comprometer antes da apuração dos fatos.
Comentário do programa – Durante a campanha, Bolsonaro tentou convencer seus eleitores de que era um político diferente. Em pouco tempo se descobriu que estava rodeado de políticos da mesma têmpera dos que ele pretendia desbancar, começando dos seus próprios filhos. Esta descoberta já resultou em vários ministros substituídos em menos de seis meses, ministros mantidos sob suspeição e agora o próprio presidente do partido do presidente está sendo ameaçado de ser defenestrado por se descobrir que ele próprio não é de maneira nenhuma diferente dos políticos que Bolsonaro pretendia alijar da política. Por sinal esta não é a primeira acusação de que Luciano Bivar é vítima. Logo no início do ano, ele foi acusado de patrocinar candidaturas laranjas no seu Estado de origem e reduto eleitoral, Pernambuco. Contra a própria família do presidente (caso do filho senador) há acusação de prática da “rachadinha”: nomeação de assessores que são obrigados a dividir com o vereador, deputado ou senador uma parte dos seus vencimentos. Prática corrente, mas que nem por isso deixa de ser desonesta e ilegal. (LGLM)