PEC que desobriga inscrição em conselhos vai “silenciar entidades”, diz OAB (veja nosso comentário)

By | 21/07/2019 5:34 am

 

(Por Gabriela Coelho, no Consultor Jurídico)

 

Ao desobrigar os profissionais da inscrição em seus respectivos conselhos, a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 108 ceifa um dos mais importantes instrumentos de defesa da  sociedade na fiscalização profissional, com “o claro e único propósito de engessar e silenciar as entidades”. A declaração é do Conselho Federal da Ordem dos Advogados do Brasil em relação à proposta apresentada pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.

 

Nesta segunda-feira (15/7), a ConJur mostrou que a PEC afirma que a inscrição obrigatória de trabalhadores em alguns conselhos de classe, como a OAB, pode chegar ao fim. Na justificativa do projeto, consta que os conselhos profissionais não integram a estrutura da administração pública, por isso, a inscrição não pode ser condição para o exercício profissional.

 

Segundo a OAB, a proposta é diametralmente oposta à intenção de promover o desenvolvimento econômico.”Apresentada sem qualquer debate com os conselhos, incluindo a OAB, ou outros setores da sociedade, a PEC traz na sua essência um ataque a mecanismos que protegem o cidadão”, diz em trecho da nota.

 

Para a entidades dos advogados, a “PEC flerta gravemente com o desrespeito à Constituição Federal ao ignorar que a Ordem está inserida na Constituição com a clara intenção de proteção do Sistema Federativo e do Estado Democrático de Direito”.

 

“Por seu reconhecido papel social, o Supremo Tribunal Federal lhe conferiu características sui generis. A proposta apresentada pelo governo também significa a tentativa de desmonte de todo um sistema que zela pela qualidade da advocacia. A Ordem é responsável por uma rede protetiva para os advogados, que hoje sofrem as consequências da grave crise econômica que atinge o país – e que não dá sinais de trégua”, afirma a entidade.

 

Comentário do programa – Na sanha privatista que assola o Governo Bolsonaro, o Ministro Paulo Guedes vem agora com mais um absurdo. O Exame da Ordem é uma garantia para a população de que não vai ser ludibriada por advogados sem a menor condição de prestar de lhe prestar um serviço decente. Acabar com o Exame da Ordem é a mesma coisa que incentivar as faculdades de segunda categoria que despejam no mercado milhares de advogados por ano sem a mínima condição de exercer dignamente a profissão. A tirar da OAB a prerrogativa de testar os novos bacharéis antes de autorizá-los a começar a exercer a profissão, o Governo deveria criar um instrumento semelhante que testasse a capacitação dos futuros advogados. Aliás deveria criar instrumentos semelhantes para testar os médicos, os enfermeiros, os engenheiros e quantos profissionais possam ameaçar a vida e o patrimônio dos cidadãos em decorrência de um preparo profissional deficiente. Estão aí os milhares de erros médicos matando pacientes, os edifícios desmoronando a três por um, matando gente e dando prejuízo, os cidadãos ameaçados na sua vida, na sua liberdade e no seu patrimônio por profissionais despreparados. Há quem diga que o mercado separa o joio do trigo, mas, enquanto isso, quantos terão que morrer ou sofrer prejuízos até que descubram que o profissional em quem confiaram não merecia a sua confiança? (LGLM)

Comentário

Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *