Remendo econômico (veja nosso comentário)

By | 21/07/2019 5:51 am

 

Governo deixa receita liberal com ideia defensável de liberar recursos do FGTS

(Editorial da Folha)

 

Em uma inusual cerimônia para celebrar 200 dias de governo, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) frustrou os que esperavam, com base em informações oriundas do próprio governo, o anúncio de medidas de estímulo à economia.

 

Em vez disso, o mandatário preferiu defender a indizível ideia de fazer um filho embaixador nos EUA e rechaçar a possibilidade de financiamento público para filmes como “Bruna Surfistinha”.

 

Enquanto isso, o país flerta com uma nova recessão —o índice de atividade do Banco Central só registrou sua primeira evolução positiva do ano em maio, depois de quatro recuos consecutivos.

 

A perspectiva de aprovação da reforma da Previdência é positiva, mas mesmo os mais ardorosos devotos do ministro Paulo Guedes (Economia) apontam que isso, por si só, não irá retirar o Brasil da pasmaceira em que se encontra.

 

De imediato, restou à equipe liberal da pasta sacar coelhos da cartola do incentivo estatal ao consumo das famílias. Anunciaram-se, nesse sentido, estudos para a liberação de R$ 30 bilhões de contas ativas do Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS).

 

Não é ideia nova. Em 2017, saindo da recessão, o governo Michel Temer (MDB) injetou na praça cerca de R$ 44 bilhões que estavam em contas inativas do fundo.

 

Na atual conjuntura, não se pode descartar a medida, nem tomá-la por populista —a conjuntura de desemprego elevado e inflação baixa a justificam. Trata-se, de todo modo, de um mero paliativo.

 

Nem isso se conseguiu fazer ainda, porém. A medida contraria interesses do setor de construção, que em 2018 teve sua crise atenuada por R$ 55 bilhões em financiamentos com recursos do FGTS.

 

Representantes das construtoras apelaram ao presidente, que adiou o anúncio. Abatidas pela recessão, pela queda dos investimentos públicos e pelos efeitos da Operação Lava Jato, as empresas argumentam que o esvaziamento do fundo gerará mais desemprego.

 

Na tentativa de estimular a atividade, pretende-se que a Caixa Econômica Federal baixe em 31,5% os juros do crédito imobiliário, com mudança na fórmula de correção.

 

Não passa despercebida a ironia de tais instrumentos serem utilizados por um governo que promete liberalização econômica e privatizações. Resta apontar que, mesmo defensáveis, eles não representam caminho para o mais fundamental —a retomada vigorosa e duradoura do investimento privado.

 

Para além das reformas previdenciária e tributária, cumpre acelerar as concessões de serviços de infraestrutura à iniciativa privada, o que também é objeto de projetos em estados como São Paulo.

 

Para superar a fase dos remendos econômicos, muito contribuiria ainda uma gestão da política menos turbulenta que a oferecida nos primeiros 200 dias de Bolsonaro.

 

Comentário do programa – A liberação do FGTS pode até ajudar a economia ao injetar dinheiro em circulação. Mas é um mero paliativo até fazer todo mundo gastar o seu FGTS e uma sacanagem com o trabalhador. O brasileiro é imprevidente. Com dinheiro fácil ele vai gastar sem pensar nas consequências. Imagine um pequeno trabalhador que tem cinco mil reais do FGTS, resultado de cinco a nos de trabalho, e é autorizado a sacar a cada ano 35% deste valor. O trabalhador tira menos de dois  mil reais de cada vez que não vão resolver grande coisa e em três ou quatro anos gastou todo o seu FGTS. Se for dispensado do emprego só tem praticamente a multa de 40% a receber e Bolsonaro já está falando em reduzir o valor da multa. Então ele gastou em três ou quatro anos o seu FGTS, vai receber cinco parcelas de seguro desemprego e depois disso, vai viver de quê? Claro que o FGTS não vai sustentá-lo por muito tempo, mas pode ajuda-los por alguns meses. Um amigo da onça este Bolsonaro! Depois de tornar mais difícil a aposentadoria vem agora fazer com que o trabalhador jogue fora a poupança representada pelo FGTS que inclusive o ajuda na aquisição da tão sonhada casa própria. (LGLM)

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde 09 de março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *