A Narrativa de todas as vidas*
(Da série de crônicas diárias de Misael Nóbrega de Sousa, em 07/11/2019)
Até bem pouco tempo, o dia do Radialista era comemorado em 21 de setembro, numa alusão histórica ao decreto que fixou o piso salarial da categoria, no ano 1946, pelo então presidente da república, Getúlio Vargas. Entretanto, uma lei federal, sancionada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2006, instituiu o 7 de novembro como a data oficial do dia do Radialista, em homenagem à memoria do músico e radialista Ary Barroso, nascido nesse mesmo dia, em 1903.
É dispensável falar da importância do rádio na vida das pessoas. Assim como da contribuição de seus profissionais, ao longo de toda a sua existência. Porém, algo deve ser destacado: não se faz rádio sem paixão.
“Das formas de imprensa, merece destaque o rádio, dado o calor da sua vivacidade, a sua força de convencimento, a rapidez da sua divulgação e a dimensão da sua audiência (…) aos radialistas, a quem cabe o peso das tarefas, cabe o mérito das realizações”, dissera-nos Padre Assis, em sua crônica das 12.
Por todo esse tempo e desde a sua criação, o rádio teve que se remodelar, porém sem deixar de preservar as suas características: imediatismo, interatividade e mobilidade, dentre outras não menos marcantes. O rádio é o quintal de nossas vidas pelo regionalismo, o tempo todo presente. “O rádio é o jornal de quem não sabe ler, é o mestre de quem não pode ir à escola, é o divertimento gratuito do pobre”…
Arrisco: o rádio não é só o anúncio da boa nova, mas a voz do contraditório; a ele, a responsabilidade de mediar o debate comezinho; o rádio é a música, a notícia, o futebol; a nota de falecimento; o “achados e perdidos”; o postal-sonoro, a festa da quermesse; a testemunha ocular; o repórter de polícia… O rádio é o disco de vinil; o gravador de rolo; a transmissão por LP; é a válvula e o transistor; é a voz de Roquete Pinto; é o épico “a guerra dos mundos”, por Orson Welles… – o rádio é o nosso “bom dia” ´e o nosso “boa noite”.
Ainda, em lembrança: – Os programas de auditório… – A greve da Espinharas… – A Panati de Ernani e Múcio Sátiro; e, que hoje, funde-se a Arapuan… – A Itatiunga, que quer dizer “pedra branca”, e foi assim o primeiro nome de Patos… – A cidade Morena FM, de programação musical jovem… – A queridíssima rádio comunitária Morada do sol… Todas parentas da pioneira difusora de Mané Lino… – Por quem devemos tirar o chapéu. – O rádio é um mistifório de certezas e incertezas.
O rádio também é: Batista Leitão, Edileuson Franco, Virgílio Trindade, Aluizio Araújo, Paulo Porto, Geraldo Araújo, o locutor Rodrigo, a vida toda passarinho; e, é, ainda: Orlando Xavier, Nestor Gondim, Valdemir Silva, Damião Lucena, Luiz Gonzaga Lima de Morais, Roberto Fortunato, José Augusto Longo, Dedé Santana… – O rádio sou eu, em completa vocação; e acima de todos esses citados em deferência, o rádio é o ouvinte…
– O tempo todo de braços dados com esta cidade, quase que alto-falantes, aqueles que não foram aqui citados. Parabéns, colegas radialistas, pela narrativa de todas as vidas. Encerro, servindo-me de padre Assis, mais uma vez: “Se lhes reconheço o suor do esforço, atribuo-lhes a palma das vitorias”.
Misael Nóbrega de Sousa*