Toma lá, dá cá

By | 08/12/2019 9:44 am

Publicado no Patos Online

(Se preferir ouça o áudio)

 

Ganhou as manchetes durante a semana a notícia sobre um áudio revelando uma discussão entre uma pessoa ligada à administração municipal e um determinado vereador. Até aí nada demais. Todo prefeito, governador e presidente governa com os partidos e instituições que o apoiam.

 

Em determinados países como a Inglaterra, a Espanha, Israel e outros, onde o regime de governo é parlamentarista, os partidos é quem governam. O primeiro ministro é um dos lideres partidários e os ministros são escolhidos pelos partidos que participam do governo.

 

No Brasil, infelizmente, reina o “toma-lá-dá-cá”. A distribuição de cargos no varejo. O governo do Estado nomeia, em Patos, por exemplo, o gerente regional de saúde, o gerente regional de educação, o diretor do Detran, geralmente por indicação dos deputados da região que apoiam o governo. Ricardo Coutinho é que quebrou um pouco este costume, nomeando pessoas de perfil técnico para estes cargos, sem levar muito em conta as indicações políticas.

 

Na prefeitura de Patos, os cargos de secretários e de chefes de determinadas autarquias e órgãos mais proeminentes sempre foram nomeados por indicações políticas. Isto é normal na democracia, desde que as pessoas nomeadas estejam capacitadas para os cargos.

 

Há na administração municipal uma série de cargos comissionados que são de livre nomeação dos prefeitos e para os quais eles nomeiam pessoas que o apoiam politicamente ou por indicação destes apoiadores. Nada demais se o critério primeiro for a capacitação do indicado para exercer o cargo para o qual foi nomeado.

 

O grande problema é quando se instala o “toma-lá-dá-cá”. “Eu lhe dou tantos cargos para você aprovar na Câmara tudo o que eu mandar para lá”. Este é um dos grandes problemas da administração municipal. E o pior de tudo é quando se “incha” a folha de pagamento da prefeitura com cargos que não são necessários, os chamados “aspones”, na linguagem grosseira, “assessores de porra nenhuma”. Pessoas nomeadas só para receber o salário.

 

Quando se nomeia uma diretora de escola que está habilitada para o cargo por indicação de um vereador ou de um deputado ou de um amigo, nada demais. O ruim é criar cargos desnecessários, só para atender a ganância de algumas lideranças políticas, principalmente vereadores.

 

Um dos problemas que levaram a administração municipal de Patos à situação a que chegou foi a nomeação desenfreada de pessoas que simplesmente não tinham o que fazer. É tanto que na primeira crise, os prefeitos exoneram este pessoal e administração continua a funcionar como se nada tivesse acontecido, pois os exonerados, simplesmente, não fazem falta.

 

O mesmo acontece com muitas pessoas que são contratadas sem que haja real necessidade de seu serviço. Seus contratos são cancelados ou não são renovados e o governo continua funcionado sem nenhum problema.

 

Diante do inchaço da folha e da queda recente da arrecadação municipal, só resta a quem estiver no comando do governo municipal diminuir os gastos. E para isso tem que dispensar comissionados e contratados, cortar gratificações desnecessárias e, às vezes, ilegais, adiar a concessão de benefícios e assim por diante. São medidas duras, mas necessárias.

 

É muito fácil governar quando a arrecadação do município é suficiente para pagar todos os gastos, difícil é governar quando o dinheiro escasseia. Afinal, prefeito, governador e presidente não fabricam dinheiro. O povo é quem fabrica o dinheiro com os impostos que paga. Se o povo ganha menos, gasta menos, paga menos impostos e a arrecadação diminui.

 

Distribuir cargos existentes e necessários dentro da máquina administrativa, utilizando o critério da capacidade profissional e da confiança política, é natural. E, insistimos, nesta tecla, o ruim é o “toma-lá-dá-cá”. E a nomeação para cargos que servem apenas para atender a ganância de alguns e para viabilizar conchavos impublicáveis.

 

Interessante é que isto sempre aconteceu em administrações anteriores, a que serviam e de que se serviam, e só agora determinadas pessoas estão se escandalizando com elas. Quando eram beneficiados por nomeações deste tipo  achavam normal e não se escandalizavam. Só é feio quando os outros é que fazem ou são beneficiados. Temos que inaugurar novos tempos políticos com direita, esquerda, centro, correligionários, adversários ou outros que não nos incomodam. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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