Ex-presidente tenta reconstruir PT e polarizar com Bolsonaro
(Fábio Zambeli,do Jota Info)
Empenhado em reorganizar o PT, Luiz Inácio Lula da Silva está escalado para se converter no potencial puxador de votos de candidatos do partido às prefeituras das capitais e cidades médias.
A presença do ex-presidente nos palanques (e na propaganda de TV) é vista por aliados como decisiva para nacionalizar disputas em praças nas quais o pleito municipal ganha contornos de polarização com o governo de Jair Bolsonaro e atores de centro, como PSDB e DEM.
Petistas têm nas urnas de outubro a missão de evitar uma reedição da fracassada jornada eleitoral de quatro anos atrás, quando representantes da legenda foram apeados da gestão das principais cidades brasileiras — elegeu prefeito apenas em Rio Branco entre as capitais e perdeu 60% das prefeituras que administrava, despencando do terceiro para o décimo lugar no ranking de partidos.
O desempenho em 2020 é fundamental para o próximo obstáculo que o partido terá, em 2022, quando as novas regras da cláusula de barreira entram em vigor. Para vencer essa etapa, Lula defende o envolvimento dos principais nomes petistas na corrida eleitoral ao fazer uma convocação geral de pré-candidatos com maior recall de votos.
Ao mesmo tempo em que precisa zelar pela sobrevivência do PT, o ex-presidente deve sinalizar a partidos aliados (como PSOL, PCdoB, PDT e PSB) com concessões regionais a fim de mantê-los na órbita petista para maratona presidencial daqui a 2 anos. Nada indica, contudo, que surjam coalizões amplas no primeiro turno.
No mapa estratégico do PT, estão em destaque São Paulo e capitais do Nordeste. A eleição paulista, avalia Lula, é a mais “nacional” em razão da ampla cobertura midiática e da dimensão de seu colégio eleitoral. Já as disputas nordestinas são terrenos férteis para a retomada do discurso lulista focado na seara econômica. Salvador, Fortaleza e Recife estão na dianteira dessa estratégia e terão especial envolvimento do ex-presidente.
Os limites do engajamento de Lula na eleição devem ser modulados pela performance de sua defesa na batalha judicial que trava com a operação Lava Jato. Se o STF declarar Sérgio Moro suspeito para julgar suas ações, o ex-presidente terá musculatura para percorrer o país dizendo-se vítima e ganha força para capturar parte do eleitorado para seu projeto político enquanto aguarda o desfecho dos processos em que é acusado de crimes de corrupção e lavagem de dinheiro.
Comentário nosso – Que o PT tenha bom sucesso na sua estratégia, para evitar um crescimento muito grande da base política de Bolsonaro. Crescimento que se tornaria avassalador em 2022. Enquanto isso vamos torcer para que surjam candidatos competitivos em 2022 para evitar uma polarização Lula/Bolsonaro, que seria trágica para o país. (LGLM)