(Luiz Gonzaga Lima de Morais)
A gente se acostumou a esperar que o poder público faça tudo pela cidade. Construa equipamentos, cuide da limpeza, cuide da iluminação pública, cuide das escolas, das escolas, das galerias, dos calçamentos e assim por diante.
Mas a população também pode colaborar e muito com a administração pública. Se a prefeitura põe à disposição dos desportistas um ginásio de esportes, não custa nada aos que usam este equipamento cuidarem para que ninguém deixe lixo após utilizá-lo, deixe luzes acesas e portas abertas. Se alguém estuda numa escola deve zelar para mantê-la limpa, não suje as paredes, não jogue lixo fora das lixeiras. Se alguém é atendido num posto médico, não custa nada ajudar a mantê-lo limpo e conservado para proveito de todos. E assim por diante.
Na questão do lixo, a população pode dar uma contribuição muito importante. Que tal, por exemplo só colocar o recipiente de lixo na rua, um pouco antes da passagem do carro de coleta, evitando que os cães e outros animais derramem o lixo e sujem as ruas?
Estas contribuições da população vão fazer com que a prefeitura economize dinheiro que pode ser usado noutros benefícios para ela própria.
Outro dia, um internauta, comentando um artigo meu, sugeriu uma campanha para que a população colabore num projeto de arborização da cidade. Uma ideia interessantíssima, mas para isso os órgãos públicos teriam que dar a sua contribuição. Por exemplo, a prefeitura teria que produzir mudas, diretamente ou por intermédio da nossa Faculdade de Engenharia Florestal. Mudas de árvores frutíferas e de árvores destinadas a produzir sombra.
E aí, cada cidadão adotava uma árvore que ele mesmo plantaria, ou na frente de sua casa ou do canteiro central das avenidas. Plantava a árvore e cuidava dela, evitando sua depredação e aguando-a com frequência até ela estar adulta.
Mesmo com os problemas d’água da região, até água servida poderia ser utilizada, desde que não tenha água sanitária. Se a árvore for plantada na frente de sua casa, você e seus filhos cuidariam dela, se no canteiro, os vizinhos podiam se juntar para cuidar dela. E assim por diante.
Na zona rural, cada morador poderia plantar quantas árvores pudesse cuidar delas. É uma pena, na zona rural a gente ver uma casa sem nenhuma árvore ao redor. Quanto podia melhorar o clima da própria residência com árvores ao seu redor.
Na minha granjazinha no Bonfim tenho mais de quarenta pés de fruteiras ao redor de casa: pés de manga (15), de caju (6), de limão (6), de romã (6), de acerola (5), de coco (3), de goiaba (1), de pinha (1), tamarindo (1), de cajarana (1) e de seriguela (1). Além de um flamboyant e uma caibreira plantados há quase trinta anos. E o clima fica muito mais ameno do que onde não tem plantas. Agora mesmo tenho umas dez das mangueiras frutificando. Poucas mangas ainda, porque a maioria delas foi muito castigada pela seca e só agora elas começaram a frutificar. Tudo isso graças aos cuidados de minha comadre Neta de Luiz Paca.
Por estes dias andei chupanda mangas amadurecidas e caídas do pé e colhidas por mim, antes que os passarinhos apareçam: mangas espada, manteiga e rosa.
Entre os meus vizinhos alguns poucos valorizam as frutíferas, caso de Luiz Paca, Pedro Neto, Zildemar e dona Raimunda, que mantém as fruteiras plantadas pelo saudoso amigo Orlando Marfins. Isto apesar de preços nem sempre compensadores. Eu mesmo o faço por diletantismo. É uma pena, numa beira de rio, onde se plantando tudo dá. Aliás, minhas fruteiras são no tabuleiro, a mais de duzentos metros do rio, aguadas durante toda a seca com água meio salobra de um poço artesiano. Com a volta das chuvas elas vão sentir o gosto da água doce.
Claro que tudo custa esforço e dedicação, mas vale a pena, porque ajuda a mudar o clima. Além de atrair chuvas e passarinhos. No meu terreiro pousam pássaros de toda espécie, de rolinha, periquito, galo-de- campina até arribaçã.
Então, fica aí a ideia que esperamos a prefeitura do seu município e a nossa Faculdade de Engenharia Florestal “compre” se encarregando de produzir as mudas para serem distribuídas com a população interessada. Se cada um fizer a sua parte, poderemos ter uma mudança sensível no clima da cidade de cada um de nós, seja Patos ou qualquer outra da nossa região.
Agradeço ao amigo internauta pela ideia. Que venham outras para ilustrar meu trabalho jornalístico e quem sabe, no futuro, minha atividade parlamentar. (LGLM)