Factoide tributário (veja comentário no final da matéria)

By | 09/02/2020 5:47 am

 

Bolsonaro simula desafio pelo fim de tributo sobre gasolina e apequena governo 

(Editorial da Folha)

 

Um presidente da República, por mais vazio de ideias que se encontre, terá sempre enorme capacidade de pautar o noticiário e o debate público. Jair Bolsonaro testa a cada dia os limites desse poder.

 

Seu mais recente factoide —um arremedo de desafio aos governadores pelo fim da tributação dos combustíveis— constitui uma sandice identificável à primeira vista. “Eu zero o [imposto] federal se eles zerarem o ICMS”, alardeou o mandatário na quarta-feira (5).

 

Mesmo o evidente despreparo de Bolsonaro para o cargo que ocupa não chega ao ponto de imaginar ser exequível tamanho despautério, lançado em tom de bravata de mesa de bar. Ainda assim, foi o bastante para que o Planalto deixasse a posição defensiva na batalha política em torno do encarecimento da gasolina e do óleo diesel.

 

Justiça seja feita, uma carta assinada por 22 dos 27 governadores na segunda (3) alimentou a irracionalidade ao defender a imediata eliminação dos tributos federais sobre os combustíveis —o que representaria uma perda de receita de cerca de R$ 28 bilhões anuais.

 

Para os estados, uma hipotética isenção do ICMS para tais produtos teria impacto ainda mais dramático, perto dos R$ 90 bilhões ao ano. Os governadores se viram, pois, forçados a rechaçar a simulação de desafio presidencial.

 

Abrir mão de arrecadação seria irresponsabilidade suicida para um setor público que contabilizou déficit na casa dos R$ 400 bilhões no ano passado. Mais do que isso, conceder tamanho estímulo ao consumo de poluentes e ao transporte particular configuraria uma escolha governamental desatinada.

 

Sabe-se que impostos e contribuições sociais respondem por 44% do preço da gasolina, um percentual sem dúvida alto. Não se trata de caso isolado: o sistema tributário brasileiro onera em demasia o consumo de bens e serviços, o que prejudica sobretudo os estratos mais pobres da população.

 

É possível e desejável reduzir o peso da carga fiscal sobre o custo das mercadorias, mas medidas do gênero precisam ser compensadas com altas de outras receitas ou cortes de despesas. Esta Folha defende maior taxação direta dos rendimentos mais elevados.

 

A presepada de Bolsonaro, que talvez agrade a seus aliados caminhoneiros ou ajude a desviar a atenção sobre problemas de Brasília, acrescenta algo de caricato à desorientação já demonstrada por seu governo no debate tributário.

 

Comentário nosso – Betinho, um velho amigo meu patoense e camioneiro, estava vibrando com a “ideia de jerico” de Bolsonaro. Vai ser mais uma decepção para ele. (LGLM)

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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