(Daniel Silveira, G1)
O ministro da Economia, Paulo Guedes, comparou funcionários públicos a “parasitas” ao comentar, nesta sexta-feira (7), as reformas administrativas pretendidas pelo governo federal. Segundo ele, as propostas referentes ao tema serão enviadas ao Congresso na próxima semana.
Guedes criticou o reajuste anual dos salários dos servidores que, segundo ele, já têm como privilégio a estabilidade no emprego e “aposentadoria generosa”. O ministro argumentou que a máquina pública, nas três esferas de governo, não se sustenta financeiramente por questões fiscais e, por isso, a carreira do funcionalismo precisa ser revista.
A declaração foi dada pelo ministro em palestra na Escola Brasileira de Economia e Finanças da Fundação Getúlio Vargas (FGV EPGE) no encerramento de um seminário sobre o Pacto Federativo.
Segundo o ministro, sua crítica é compartilhada pelos brasileiros. “A população não quer isso [reajuste automático do funcionalismo público]. 88% da população brasileira é a favor, inclusive, de demissão no funcionalismo público”, disse.
Paulo Guedes se referiu a uma pesquisa Datafolha, divulgada em janeiro, que apontava que, para 88% dos entrevistados, o funcionário público que não faz um bom serviço deve ser demitido.
“Nos Estados Unidos ficam quatro, cinco anos sem dar reajuste e quando dá todo mundo fica ‘oh, muito obrigado’. Aqui o cara é obrigado a dar [reajuste] porque está carimbado e ainda leva xingamento, ovo, não pode andar de avião”, continuou o ministro.
Guedes afirmou que o texto da reforma administrativa será apresentado na próxima semana à Câmara dos Deputados. Segundo ele, é grande a expectativa do governo de rápida tramitação.
“O clima no Congresso é extremamente favorável [à reforma administrativa], ao contrário do nosso clima no ano passado quando nós chegamos com a Reforma da Previdência”, disse.
Já a reforma tributária, que está sendo desenhada pelo Executivo, “é um pouco mais complexa”, segundo o ministro. Ele destacou que ela deverá ser apresentada a um comitê conjunto, formado entre Câmara e Senado.
Comentário nosso – O Ministro comete uma injustiça ao dizer que o funcionário público é um parasita. Afinal esta “porcaria” só funciona por conta da dedicação da maioria dos funcionários públicos. Existem maus funcionários, como existem maus médicos, engenheiros displicentes, enfermeiros que tratam mal e assim por diante. E existem ministros incompetentes. Mas em toda categoria os maus profissionais são uma minoria. Embora tenha governos onde só se faz “merda”.
No caso dos maus funcionários, a solução está prevista não Constituição, só falta os deputados e senadores criarem vergonha e regulamentarem um processo de avaliação que puna, até com a demissão, os maus funcionários.
Com relação aos reajustes salariais ele comete outra injustiça. Por que outras categorias profissionais, das mais baixas aos altos tribunais, têm reajustes salariais e os funcionários públicos não deveriam ter. Se há inflação tem que haver um meio de fazer justiça a quem perdeu poder aquisitivo. E este meio é o reajuste. Que se crie uma metodologia como se criou para o salário mínimo, reajustando automaticamente os vencimentos e subsídios. Há vários anos que os funcionários federais quando têm reajuste é de um por cento, enquanto isso a inflação é quatro ou cinco vezes maior do que isso. Admito que não haja ganhos salariais, mas que se corrija, pelo menos, as perdas para a inflação.
Nos Estados Unidos existe uma economia estável, sem inflação, por isso ninguém briga por reajuste. E a discussão por aumento é feita na própria empresa, com base na experiência e produtividade do empregado. Lá eles têm uma cultura bem diferente da nossa. O bom empregado é valorizado. (LGLM)