Dr. Pierre conta sua história e destaca novos projetos da Fazenda Tamanduá (veja comentário no final da matéria)

By | 16/02/2020 6:15 am

 

(Blog do Jordan Bezerra)

 

O Blog do Jordan Bezerra visitou a Fazenda Tamanduá, no município de Santa Teresinha-PB, na tarde desta terça-feira (11), para conversar com o idealizador da Fazenda, Dr. Pierre Landolf, que falou de sua experiência de mais de 40 anos, desenvolvendo vários cultivos de forma sustentável. Dr. Pierre também falou do seu gosto musical, suas nacionalidades, preservação ambiental, a falta de incentivo do Governo Estadual  e novos projetos da Tamanduá.

Inicialmente, Dr. Pierre falou da sua chegada à região, na década de 70. Segundo ele, não desbravou as terras, no entanto teve colaboração de várias pessoas, lembrou com carinho do ex-prefeito de Santa Teresinha-PB, Silvino Corcino, que mostrou todas as terras e, naturalmente, suas potencialidades. Para Dr. Pierre, o que também foi favorável para sua adaptação na Fazenda foi a estrutura de várias famílias vivendo no local.

 

“Acho que eu não desbravei nada, eu cheguei com muita humildade para aprender. Sou formado em direito e tudo o que tenho de conhecimento, aprendi conversando com o povo, onde fui muito bem recebido pelo ex-prefeito Silvino Corcino. Então todos esses contatos foram para eu aprender realmente a conhecer melhor o local onde eu estava, e tentei trazer algo a mais para este pessoal, com uma visão diferente”, destacou Pierre.

 

Desenvolveu a princípio a pecuária e o algodão e ”a posteriori” foi implementando outros cultivos. Segundo ele, o segredo é não ficar ‘preso’ na monocultura, mas desenvolver várias lavouras, assim como um corpo humano, de forma integrada.

 

“Dentro da visão de agricultura e pecuária certificada não podemos trabalhar com monocultura. Todas as atividades são interligadas com esta nova visão de um organismo agrícola, onde todos trabalham juntos para permitir a manutenção da vida da fazenda”, explicou Dr. Pierre.

 

Fazenda Tamanduá investe forte na agricultura orgânica, mesmo sem uma política definida, sem apoio do Governo do Estado, que dificulta o trabalho dos produtores pequenos e médios, por falta de uma legislação clara.

 

“A legislação brasileira está cada vez mais complicada, principalmente para pequenos e médios produtores. Tivemos, na última semana, o caso da Fazenda Carnaúba, cujos produtos foram apreendidos, justamente por falta de uma legislação clara. Existe o selo ‘Arte’, que o governo estadual deveria implementar, e por conta da falta desse selo que nós fechamos a fábrica de queijo. Temos sérios produtores no estado que querem se enquadrar dentro de um modelo, mas o Estado não faz a sua parte”, disse o proprietário.

 

Dr. Pierre destacou a importância das parcerias com as universidades, institutos federais, IBAMA. Segundo ele, é preciso essa troca de experiências, que agregam valor.

 

“Através de parcerias, nós conseguimos entender melhor a realidade local, saber quais os animais que existem na propriedade, fazer um inventário. Conhecemos desde aves, morcegos e mamíferos, a partir disso conseguimos realizar uma “Bíblia” dos animais que vivem aqui. Fomos procurados pelo IBAMA para realizarmos uma parceria, além da Polícia Ambiental e Universidades”, contou.

 

Seu gosto musical é bem eclético, vai do jazz até o forró tradicional ou ‘pé de serra’.

 

“A música sempre me fascinou, embora eu não seja capaz de tocar qualquer instrumento. Mas a música sempre fez parte do meu DNA. Eu também tenho paixão para a música nordestina, principalmente o Forró. Tivemos aqui o ‘Trio Tamanduá’, que foi levado para Montreux, onde Rubens era o cantor, nosso vaqueiro; o zabumbeiro era Nego Teu, que continua trabalhando aqui na fazenda e Jaelson era o sanfoneiro, e nasceu aqui na fazenda. Nossa visão musical também permitiu que alguns pudessem viver na música”, afirmou Pierre.

 

Sobre suas nacionalidades francesa, suíça e brasileira, destacou seus envolvimentos nesses países. Mas expressou seu amor pelo Brasil. “Eu escolhi”.

 

“Eu sou suíço a Suíça, sou francês na França e sou brasileiro no Brasil. Eu escolhi ser brasileiro, então sou mais que você. Eu pessoalmente escolhi o Brasil para ser a minha pátria, e por isso eu me sinto muito brasileiro mesmo”, expressou.

 

O seu gerente, o engenheiro agrônomo Flávio Medeiros, falou dos novos projetos da fazenda, provando que as atividades estão a todo vapor, desmentindo os boatos que afirmaram que a Tamanduá ia fechar.

 

“Vamos ampliar a apicultura, e poderemos exportar para os Estados Unidos e para a União Europeia, por isso vamos aumentar a produção. Temos uma aposta na produção de moringa, uma leguminosa muito utilizada, iremos voltar com a produção de óleo da Oiticica e vários outros projetos em mente, como o turismo ecológico, por exemplo”, adiantou Flávio.

 

Comentário nosso – Dr. Pierre foi uma das melhores coisas que aconteceu na nossa região nos últimos quarenta e cinco anos. Com as intervenções na agricultura, na pecuária e na indústria ele mostrou cabalmente que o semiárido é viável. Criação de bovinos e de caprinos leiteiros com a consequente produção de laticínios, inclusive destinados à exportação. A criação de ovinos para abate e abastecimento nos mercados de todo o Brasil. Uma agricultura avançada, aproveitado a experiência local e os avanços alcançados pelo mundo afora, aplicados no semiárido têm mostrado alternativas viáveis para toda a região. Uma apicultura avançada, inclusive com inclusão de pequenos agricultores numa cultura associada tem alcançado mercados internacionais em larga escala, ao mesmo tempo que disseminou uma cultura que pode ser utilizada por qualquer pequeno produtor, produzindo uma preciosa renda no campo. Uma agricultura orgânica que era desconhecida na região e que hoje é motivo de estudos dos meios universitários, que reproduzem a experiência de plantar e produzir com adubos naturais e sem o uso de fertilizantes sintéticos, agrotóxicos não-orgânicos e produtos reguladores de crescimento, Além disso mostrou que a indústria pode chegar ao campo, na produção de laticínios, na produção da famosa espirulina e de materiais para irrigação de altíssima qualidade. Além de provocar tudo isso, Pierre e seus colaboradores, têm disseminado essa nova cultura através de universidades e instituto de educação para cujos professores tem mantido as portas abertas em parcerias de disseminação do conhecimento que muito tem ajudado o nosso desenvolvimento. Como empresário, Pierre sabe investir e ganhar dinheiro, mas ajuda ao mesmo tempo a divulgar os conhecimentos adquiridos e testados que tem feito com que muita gente também tenha vistos seus ganhos se multiplicarem. Temos a honra de termos sido, quarenta anos atrás, um dos divulgadores das primeiras experiências agrícolas e pecuárias da Fazenda Tamanduá, logo depois da chegada do Dr. Pierre à região, num vídeo produzido em conjunto com o colega Damião Lucena, para o Banco do Brasil, que dava suporte financeiro para os empreendimentos dos modernos fazendeiros da região, como Pierre, Chico Marques e Zumba Wanderley. (LGLM).

 

Veja vídeo com entrevista completa

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Category: Regionais

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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