(06/03/2020)
Quando eu não mais existir… – O que será deste mundo com sua propaganda paradisíaca e de engodo? O que será dessa dor que carrego no peito? Da minha ansiedade e depressão constantes?
Quando eu não mais existir… – O que será do medo que tenho de tudo?
Desse desejo incontrolável de viver? Quem vai regar as minhas plantas e cuidar de Nina, que não sabe cuidar de si?
Quando eu não mais existir… – As guerras não farão sentido algum. A evolução da humanidade, o avanço tecnológico, as brincadeiras de minha infância.
Nada!
Quando eu não mais existir… – Não terei conhecido a desilusão. A lembrança de qualquer rosto. Não saberei o que foi a paixão. O começo e o fim, diluir-se-ão no silêncio, feito eternidade.
Não serei odiado, perseguido, censurado, questionado, amado.E a morte nunca haverá de ser a minha desgraça.
Quando eu não mais existir… – Serei a folha seca que se decompõe na aridez da terra… – A nascente de um rio que secou… – Um pássaro ferido na asa… – O vento que já passou… – O último verso de um poema.
Quando eu não maís existir… – Nunca terei existido. E não há plano maís perfeito que esse!
*Misael Nóbrega de Sousa