Crise mascarada (comentário nosso no final)

By | 15/03/2020 6:30 am

 

Ao fustigar Congresso na crise do vírus, Bolsonaro ainda aposta na confusão (Editorial da Folha de São Paulo)

 

O avanço do coronavírus parece ter convencido o presidente Jair Bolsonaro da importância de vestir máscara e lavar as mãos para evitar o contágio, mas não das virtudes da prudência e da moderação.

 

Dois dias depois de classificar o vírus como uma fantasia inventada pela imprensa, tratando com leviandade os riscos criados pela pandemia, o presidente rendeu-se aos fatos diante da confirmação de que seu próprio secretário de Comunicação havia sido infectado.

 

Em dois pronunciamentos na noite de quinta (12), primeiro dirigindo-se à claque das redes sociais e depois em cadeia de rádio e TV, Bolsonaro reconheceu a gravidade da situação e disse que o governo está preparado para controlá-la.

 

Sem detalhar medidas ou transmitir orientações, ele logo passou ao assunto que realmente o preocupava e sugeriu o adiamento das manifestações antes programadas para este domingo (15).

 

O próprio Bolsonaro vinha insuflando os protestos, que tinham o Congresso e suas principais lideranças como alvos principais, e voltou a fazê-lo ao pedir que os apoiadores fiquem em casa para conter a disseminação do vírus.

 

A sugestão foi prontamente acatada pelos organizadores dos atos, mas o presidente fez questão de enaltecê-las como expressões legítimas de insatisfação popular e disse que a mobilização alcançara resultados antes mesmo de começar. “Foi dado um tremendo recado para o Parlamento.”

 

É fácil perceber que Bolsonaro fabricou mais uma crise com o único objetivo de intimidar o Legislativo, parte de um esforço permanente para submeter instituições democráticas a desgaste contínuo.

 

Os últimos acontecimentos deixaram claro que as provocações do presidente são fonte permanente de instabilidade e desafiam a capacidade do sistema político de enfrentar os problemas reais que desafiam o país —da crise do coronavírus à debilidade econômica.

 

Antes de vestir a máscara para falar aos seguidores, Bolsonaro passou duas semanas desautorizando os articuladores do Palácio do Planalto e fustigando os líderes do Congresso, que buscavam solucionar a disputa travada com o Executivo pelo controle do Orçamento.

 

Na quarta (11), quando os parlamentares derrubaram de forma irresponsável o veto do presidente a um dispositivo que aumenta gastos com benefícios assistenciais, não havia ninguém capaz de ajudá-lo a evitar a derrota.

 

O ministro da Economia, Paulo Guedes, prometeu medidas emergenciais e cobrou empenho do Legislativo para aprovar as reformas econômicas. Pode ser o início de um diálogo mais produtivo, mas que não avançará se Bolsonaro continuar apostando no tumulto.

 

Comentário nosso – Bolsonaro continua com as suas declarações irresponsáveis e inconsequentes. “Dois dias depois de classificar o vírus como uma fantasia inventada pela imprensa, tratando com leviandade os riscos criados pela pandemia, o presidente rendeu-se aos fatos diante da confirmação de que seu próprio secretário de Comunicação havia sido infectado”.  Ou seja dois dias depois caiu a máscara em sentido figurado e ele passou a usar uma máscara de verdade, entre quatro paredes, não apresenta de poucas pessoas, quando talvez não precisasse. Aliás, me perdoem, quando o mais perigoso veículo do vírus fosse ele próprio que viajara ao exterior e como seu secretário de comunicação poderia estar infectado pelo vírus. (LGLM).

Comentário

Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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