(Agência Câmara)
O presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), se posicionou mais uma vez contrário ao adiamento ou à suspensão das eleições municipais deste ano em razão da crise do coronavírus. Na semana passada, o ministro da Saúde, Luiz Mandetta, propôs uma postergação do pleito de outubro.
Maia afirmou que não há previsão constitucional para a mudança no pleito e que isso abriria um precedente perigoso no futuro caso um presidente da República queira prorrogar o seu mandato. As declarações foram feitas em evento do fórum de empresários Lide nesta sexta-feira (27).
“No futuro, um presidente que tenha um comando forte poderia criar uma crise e prorrogar o seu mandato, isso não é uma questão simples, não é uma questão que se resolva fácil”, afirmou.
“Vamos cuidar dos dois próximos meses, garantir a previsibilidade, montar um planejamento para o setor produtivo voltar a produzir. Depois desses dois meses, espero, vai se liberando a sociedade e passamos a ter condições de realizar as eleições. Não podemos tratar de prorrogação de mandato: a população vota por quatro anos e não por seis. Isso precisa ser respeitado”, disse Rodrigo Maia.
Comentário nosso – Muita gente nos últimos dias defendendo a ideia de adiar as eleições. Partidários de Bolsonário talvez com a esperança de que, adiadas as eleições, Bolsonaro consiga registrar o seu partido com condições de ainda disputar as eleições municipais. Deputados e senadores, admitindo adiar as eleições como condição para liberar o fundo partidário para investir no combate à pandemia do coronavirus. Deputados e senadores interessados em garantir mais dois anos de mandato para partidários seus que ocupam atualmente prefeituras pelo Brasil afora. Ainda bem que do ponto de vista constitucional, o adiamento pode até acontecer por conta dos danos provocados pelo coronavirus, mas jamais seria possível prorrogar os atuais mandatos, dando mais dois anos de mandato a prefeitos que nem deveriam estar ocupando os atuais cargos, por desonestos e incompetentes. (LGLM)