Prefeito reconhece que errou ao incentivar retomada do comércio e outras atividades em meio à pandemia de coronavírus
(Luiz Henrique Campos, no jornal Estado de Minas)
O prefeito de Milão, Giuseppe Sala, reconheceu que errou ao apoiar a ação divulgada com o lema “Milão não para”, referindo-se às medidas para manutenção da economia e da vida social na cidade, mesmo com a pandemia do novo coronavírus. Nesta quinta-feira (26), completa-se exatamente um mês do lançamento da campanha.
Após um mês, a Lombardia, cuja capital é Milão, é a região da Itália mais atingida pela COVID-19, registrando 34.889 casos de pessoas contaminadas e 4.861 óbitos, de acordo com balanço oficial divulgado nesta sexta-feira, 27 de março. Em termos quantitativos, abriga 40,1% da população italiana acometida pela doença, representando 54,4% das mortes no país.
Milão, a terceira cidade com mais casos confirmados de infecção pelo novo coronavírus na província, tinha até esta sexta-feira 6.922 mil pessoas com a doença. A taxa de crescimento nas últimas 24 horas foi de mais de 848 casos.
“Muitos se referem àquele vídeo que circulava com o título MilãoNãoPara. Era 27 de fevereiro, o vídeo estava explodindo nas redes, e todos o divulgaram, inclusive eu. Certo ou errado? Provavelmente errado”, reconheceu Giuseppe Sala, em entrevista a uma emissora italiana.
“Ninguém ainda havia entendido a virulência do vírus, e aquele era o espírito. Trabalho sete dias por semana para fazer minha parte, e aceito as críticas”, afirmou.
O vídeo da campanha viralizou na internet em meio aos inúmeros casos de contaminação do vírus no país e após o governo ter decidido confinar 11 cidades do norte italiano, onde haviam sido registrados os primeiros casos de transmissão interna da doença. A produção exibida exaltava os “milagres” feitos “todos os dias” pelos cidadãos de Milão e seus “ritmos impensáveis” e “resultados econômicos importantes”. “Porque, a cada dia, não temos medo. Milão não para”, afirmava o conteúdo expresso no vídeo.
Comentário nosso – Os que defendem a presença da população nas ruas estão, em sua maioria preocupados com os problemas econômicos, com os prejuízos financeiros que podem ter, esquecendo que isso pode custar vidas preciosas. São simplesmente venais e inconsequentes. É o caso dos empresários que têm feito carreatas nas principais cidades do país, pedindo o retorno do povo às ruas. Eles estão preocupados com os lucros que estão deixando de ter, esquecendo da saúde da população e que os que morrerem por conta do coronavirus eram potenciais fregueses seus que também deixarão de comprar e consumir. LGLM)