Muita gente está estranhando a queda de braço dentro do Governo entre o Presidente Bolsonaro e o Ministro da Saude, Luiz Mandetta. Bolsonaro é movido por motivos políticos e Mandetta por causas científicas e sanitárias.
Mandetta defende o isolamento das pessoas para evitar o contágio descontrolado pelo vírus, conforme recomendado pela Organização Mundial da Saúde (OMS) e por autoridades sanitárias de todo o mundo. E quer ganhar tempo para que o país se prepare da melhor maneira possível para assistir aos milhares que buscarão assistência médica.
Inclusive, muitas lideranças mundiais, que criticavam o isolamento, terminaram voltando atrás na sua insistência de manterem uma normalidade que só estimula o contágio. Inclusive os presidentes dos Estados Unidos e da Rússia, hoje apavoradas com a previsão de uma saturação dos seus sistemas de saúde.
Inicialmente eles eram movidos pelo problema econômico. Comércio, indústria e serviços parando de funcionar resultaria em prejuízo para os empresários. Agora estão se rendendo ao fato de que custará mais caro aos seus países as mortes que resultarão da sua teimosia.
O presidente Bolsonaro seguia o exemplo destes presidentes teimosos e defendia o isolamento somente dos grupos de risco, esquecendo que os outros poderiam continuar como veículo de transmissão do vírus entre si.
Hoje até as autoridades econômicas do país se renderam ao fato de que a pandemia trará mais prejuízos ao país do que os prejuízos que a economia sofrerá. Mas Bolsonaro continua afrontando o sentimento da maioria da população de que é preciso respeitar a quarentena para evitar os prejuízos futuros.
Por conta desta teimosia, Bolsonaro está contra tudo e contra todos, mas insiste na sua posição por uma questão política. Seus maiores apoiadores foram os empresários e estes são os que mais prejuízos financeiros terão com o isolamento imposto pelas autoridades da saúde. Para eles não importa quantos morrerão, só se preocupam com o prejuízo que sofrerão.
Com sua posição, Bolsonaro está politicamente isolado. Estão contra a sua posição setores do Judiciário, a maioria dos deputados e senadores, quase todos os governadores, muitos dos seus próprios ministros e até grande parte dos militares. Ele faz ameaças que se concretizar só vai piorar a situação e criar um caos em todo o país. Acha que é o todo poderoso e esquece que o país é maior do que ele e que tem que governar com responsabilidade e não com bravatas.
Esperar que crie juízo é ter esperança de mais. Mas vamos entregar a Deus, esperando que lhe dê juízo.
Países de todo o mundo estão se rendendo a uma só realidade. Ou isolam a maior parte da população ou perdem o controle total da situação para a pandemia. Bolsonaro quer confinar os idosos e outros grupos de risco e colocar na rua o resto da população sem pensar nas mortes que isto causará. (LGLM)