Folhas secas

By | 16/04/2020 6:24 am

(15/04/2020)

O medo só faz aumentar o abismo que há entre mim e você. Há muito não há resistência. É como as folhas da estação do equinócio: Amareladas, estéreis, livres, mortas. E, assim, dizemos aceitar a natureza das coisas. A cada dia me convenço de que nada é do seu tempo. Os mais evoluídos são os que sobejam a plenitude. Mas, que graça teria se todos pudessem administrar os seus desejos?

Na maior parte do tempo esperamos à sombra da vida. E, assim contemplativos, assistimos ao fim da nossa própria existência. Qual a distância correta? O homem tem a a responsabilidade de acudir o outro. Desse prendo, depende o amor. É fato que a dependência é um comodato… Uma missão meio que imperativa, porém que outro jeito?.

O céu de verniz azul existe nos contos de fadas. E não há melhores histórias inventadas. Só não sabemos o quando. Esse é um enigma que não nos pertence. Nunca estamos preparados para coisa alguma. Onde foi que te perdi? O momento que te faz ir, não é o mesmo que te faz voltar.

Esforço-me para recuperar a cumplicidade. O que foi feito de nós? Pergunto. Sentido que me confere a confusão, dai-me o aprazimento das noites mornas – Onde a ventania ajudava a acrescentar mais folhas ao chão de barro. Forte, em minha mente, “Lavoura Arcaica” – Que nos conduz à autoflagelação espiritual: “O teu amor, pra mim, é o princípio do mundo”.

Religião e natureza se embaraçam. E, somos esse chão, raiz, caule, árvore, folha, céu, infinito, Deus. Um prazer edênico. Não há mais porque percorrer os corredores sombrios da memória. Ali nunca houve alento. Os anos vividos, são um punhado de negativas. Quisera eu ter influência sobre o tempo, para virá-lo do avesso. Quem sabe esse abismo não seja uma alegoria de propósito para que eu me arrependa dos pecados que não cometi.

(…)

Só o que resta é o esforço de me contrapesar na corda-bamba da imaginação; para não mais cair, a cada bafejo, igual às folhas secas do outono de nossas vidas. Para dizer a mim mesmo que nem tudo está perdido.

*Misael Nóbrega de Sousa

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Category: Uma por dia...

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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