Uma resposta tardia, problemas com testes e a falta de coordenação entre os Estados ajudam a explicar como a maior potência mundial transformou-se no epicentro da pandemia.
(Por BBC)
Os Estados Unidos se tornaram o epicentro da tragédia da Covid-19 no mundo: desde o final de semana passado, é o país com o maior número de óbitos causados pela doença.
Os EUA registraram mais de 23,6 mil mortes e 582,5 mil casos até esta terça-feira (14), segundo dados da Universidade Johns Hopkins.
Cerca de 2 mil mortes diárias foram registradas nos últimos quatro dias, a maioria delas na cidade de Nova York e arredores, embora especialistas considerem que o número real pode ser maior, uma vez que as mortes em residências foram excluídas das estatísticas oficiais, de acordo com agência Reuters.
“Estamos nos aproximando do pico agora”, disse o diretor do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) na última segunda-feira no programa Today, da emissora NBC.
Aqui, reunimos quatro fatores que, segundo especialistas em saúde pública, epidemiologistas e analistas, levaram os EUA a esta grave situação.
1- A lentidão da resposta da Casa Branca
Se os especialistas concordam em alguma coisa, é que os EUA precisavam ter tomado medidas mais sérias e abrangentes bem antes. A própria equipe da Casa Branca na linha de frente da luta contra a Covid-19 reconheceu esses erros.
Anthony Fauci, chefe do Instituto Nacional de Alergia e Doenças Infecciosas e um dos principais nomes da equipe de resposta a pandemia do país, admitiu que “ninguém nega” que medidas de mitigação precoces poderiam ter salvado vidas.
“O que é levado em consideração ao tomar essas decisões é complexo. Havia muita pressão contra o isolamento época.”
2 – Problemas com testes
Testes defeituosos – que tiveram de ser substituídos – e o acesso limitado aos exames atrasaram a resposta ao avanço da doença.
“Grande parte da culpa pela situação atual se deve ao atraso nos testes nos EUA. Estávamos vendo a pandemia se desenrolar, sem capacidade de testar e identificar casos. Isso resultou na disseminação maciça de Covid-19 nos EUA”, disse o cirurgião Thomas Tsai, pesquisador de políticas de saúde na Universidade Harvard, à BBC no início deste mês.
3 – O sistema de saúde
O sistema de saúde nos EUA, baseado principalmente em planos de saúde privados, complica a situação no momento em que é necessário identificar casos de Covid-19, de acordo com epidemiologistas.
A falta de cobertura de saúde é um problema persistente e, neste momento, torna-se crucial: em 2018, 27,5 milhões de pessoas não tinham um plano em qualquer época do ano, de acordo com dados do Censo, que refletiam um aumento deste número em relação ao ano anterior.
Isso faz com que algumas dessas pessoas evitem ir ao médico em caso de infecção: para quem não tem plano, uma consulta pode custar centenas de dólares.
“Não vou ao médico desde 2013”, escreveu Carl Gibson, jornalista americano de 32 anos, em uma coluna de opinião no jornal britânico “The Guardian” no mês passado. “Quando você multiplica minha situação por 27,5 milhões, a imagem é aterrorizante.”
Os imigrantes sem documentos, cerca de 11 milhões de pessoas, também costumam evitar procurar atendimento médico por medo se serem deportados.
“Durante a temporada de gripe, ficamos muito doentes, mas levar meus filhos para ver o pediatra custa US$ 100 (R$ 520)”, diz Lisa Rubio, de 28 anos, que tem um destes planos por meio da empresa para a qual trabalha.
4 – A falta de coordenação dos Estados
A diferença nas situações em cada Estado do país foi um aspecto relevante em meio à pandemia. Muitos analistas consideram que houve falta de liderança por parte da Casa Branca, e o enfrentamento ao novo coronavírus ficou a cargo dos governadores.
Enquanto alguns impuseram restrições precocemente e declararam estado de emergência antes da explosão dos casos, outros optaram por não fazê-lo, o que, na opinião dos especialistas, pode ter contribuído para a escalada de infecções.
A Califórnia foi um dos primeiros Estados a aplicar medidas de distanciamento social
A Califórnia é um dos exemplos de sucesso destacados por especialistas em saúde pública, com apenas 641 mortes entre os mais de 22 mil casos registrados até o último domingo, de acordo com a Johns Hopkins University.
Comentário nosso – Os erros cometidos pelo presidente americanos, Donald Trump, ídolo do capitão que se senta em Brasília, deveriam ter aberto seus olhos para uma realidade que o daqui não enxerga por não ter os conhecimentos de que a ciência dotou os médicos e ser teimoso em pensar que sabe de tudo e é o todo poderoso. Nós é que pagaremos o preço por sua teimosia. Se a sua preocupação era não fazer de Mandetta um concorrente poderoso em 2022, perdeu o tempo. Os céus certamente nos proporcionarão concorrentes que nos livrem de ficarmos entre “o que diz que não sabia de nada” e “o que acha que sabe tudo”. (LGLM).