Em crises envolvendo o órgão, a cúpula considerou que ex-ministro foi omisso
(Painel da Folha)
Versões Apesar da defesa eloquente da Polícia Federal em sua fala de demissão, Sergio Moro foi alvo de críticas na corporação ao longo da gestão. Nas duas primeiras crises envolvendo o órgão, a cúpula considerou que ele foi omisso. Nas bases, a percepção era de que ele atuara mais pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) do que pela PF, tendo inclusive ajudado em bandeiras históricas da primeira contra a segunda. A avaliação explica, em parte, o silêncio de Maurício Valeixo, ex-diretor-geral.
Cadê? Policiais estranharam o fato de Valeixo ter ficado calado em momento delicado, depois de Moro sair atirando contra Jair Bolsonaro. O diretor se pronunciou apenas em uma carta a servidores. Em um ano e quatro meses, ele não deu entrevistas.
Se vira Relatos dão conta de que Valeixo reclamava internamente ao longo dos últimos oito meses de que Moro se calou, deixando a polícia sangrar em agosto, e depois, de novo, em janeiro deste ano.
Eles que lutem Colegas dizem que o ex-diretor acreditava que os entraves envolvendo a PF eram uma forma de Bolsonaro atingir Moro, uma questão específica e exclusiva entre o então ministro da Justiça e o presidente, sendo ele um coadjuvante da guerra.
Voltas Em agosto, quando Bolsonaro cismou pela primeira vez com o órgão, defendendo um nome de sua vontade, Moro deu sinais de topar fazer a costura, segundo relatos. Depois, aceitou que a PF já tinha sua escolha, deu apoio à opção, mas não se manifestou para defender a autonomia da instituição.
Balança Em outro aspecto, sob Moro, a PRF conseguiu fatias de poder na segurança pública que não tinha antes, como a permissão de atuar em investigações, briga histórica com a PF.
Sobe Apesar de todo o restante do período, a avaliação é de que Moro conseguiu refazer sua imagem na saída. Delegados em chefias têm a opinião de que é um erro, desta vez, Valeixo não se manifestar.
Futuro Quem defende isso diz que o passado não importa, o que é unânime é que houve, sim, interferência na demissão. O nome de Alexandre Ramagem, escolhido por Bolsonaro antes da decisão do novo ministro, é prova de que o presidente quer um indicado seu no cargo, o que é um sinal péssimo para a PF.
Eu mando Na avaliação de políticos, Bolsonaro conseguiu o que queria na crise da semana que passou. Empurrou Moro para fora e tirou o coronavírus da pauta principal. Há alguns dias, o general Ramos (Secretaria de Governo) fez um apelo por notícias positivas.