(Luiz Gonzaga Lima de Morais, publicado no Patos Online e na Folha Patoense)
Primeiro e antes de tudo a própria população. Claro que ela não é responsável pelo aparecimento do “corona vírus”, mas é o principal culpado pela disseminação do vírus. E com isso é responsável pelo crescimento da pandemia.
Vamos ver por quê. A maior recomendação da Organização Mundial da Saúde é o isolamento social. Porque? Porque quanto menos gente na rua, menos o vírus se espalha. A outra recomendação são os cuidados pessoais como uso de máscara, uso do álcool gel, uso da desinfecção com água e sabão. Porque? Porque é impossível o isolamento total. Então, para aqueles que forem obrigados a sair, estas precauções vão evitar que os que saírem de casa tragam o vírus para casa e contaminem os que ficaram em casa.
Aí está a essência do problema. Quanto mais gente nas ruas e quantos menos cuidados com a higienização pessoal, mais gente será infectada pelo vírus do COVID-19.
O resultado está nas estatísticas divulgadas diariamente. Gente na rua é gente que traz a contaminação pelo vírus para casa.
Hoje, os países que começaram a praticar o isolamento mais cedo já estão comemorando a queda dos índices de pessoas contaminadas e mortas pelo vírus. Os que por ganância ou ignorância têm demorado a praticar o isolamento, estão vendo as pessoas morrerem aos milhares.
Vamos examinar a situação de Patos. Até outro dia, os mercados públicos, essenciais para o abastecimento da população, tinham o seu funcionamento permitido. Como reagiu a isso a população. Os mercados viviam cheios de gente, que ia ali, tivesse necessidade ou não. O resultado é que esta aglomeração é uma terrível fonte de contaminação. Quem foi ao mercado e não tomou as precauções recomendadas pelas autoridades sanitárias, passou a ser uma fonte de contaminação e será o responsável pelo adoecimento e morte de seus amigos e familiares.
Já que não houve compreensão de parte da população que continuou a criar aglomeração nos mercados, o prefeito foi obrigado a decretar o fechamento dos mercados, prejudicando a população como um todo. O fechamento do Mercado da Carne foi suspenso temporariamente enquanto os comerciantes comercializam os estoques de perecíveis (carnes, frutas e verduras). Mas a culpa não é do prefeito, mas da parte da população ignorante e irresponsável.
Outra prova da irresponsabilidade de parte da população é a demanda pelo chamado “auxílio emergencial”. O auxílio tem a finalidade de evitar que as pessoas que ficaram sem trabalho, simplesmente, morram de fome. O valor não é grande coisa, mas é melhor do que nada. O problema é que milhões de pessoas que não tinham necessidade do auxílio se habilitaram a ele e tiveram mais facilidade em recebê-lo dos que os ameaçados de fome. Isto é, na verdade, um verdadeiro crime.
Recentemente recebemos uma informação preocupante. Uma viatura do SAMU, em Patos, foi deslocada com toda a equipe para atender a uma pessoa com suspeita de ter a “corona vírus”. A equipe, verificando os sintomas, entendeu que ele poderia estar realmente contaminado e queria levá-lo imediatamente para o hospital. O paciente se recusou terminante a ser conduzido. Este cidadão pode ter passado, a partir deste momento, a ser um disseminador da “corona vírus” à solta. Seria responsável pela contaminação de parentes e amigos que tenham tido contato com ele. E poderá ser responsável pela morte de alguém. Isso seria um verdadeiro crime.
Mas não são estas as únicas irresponsabilidades. Quem diz que a “corona vírus” é uma “gripezinha”, quem diz que a imprensa está exagerando, quem diz que não existe pandemia, quem fica divulgando “fake news”, quem fica desfilando e aparecendo em público sem máscara e outras atitudes deste tipo é um ignorante e irresponsável. E quanto mais exposição pública tem quem aparece sem máscara ou menosprezando a pandemia, maior é a irresponsabilidade. É o caso de Presidente da República, de Ministros, de parlamentares, de artistas de cinema e televisão, de líderes religiosos, de jogadores de futebol e outras pessoas quem têm grande influência sobre a população. Estes têm uma responsabilidade maior pelo agravamento da pandemia do que o “criminozinho” da periferia. Até porque o criminoso comum é irresponsável, mas copia a ignorância dos que têm influência sobre ele.
É preocupante os índices galopantes da pandemia divulgados nos últimos dias em Patos. Mas parte da população é responsável por isso. Quando o pai, a mãe, o filho ou irmão de um deles chegar em um hospital e não tiver acesso ao tratamento e morrer de COVID-19, ele é um dos responsáveis por isto. Os equipamentos à disposição da população nos hospitais e clínicas é pequeno e daqui a pouco pode ser insuficiente.
Por isso a atitude mais ponderada e responsável é ficar em casa e só sair quando for absolutamente necessário. (LGLM)