É fake que é a cloroquina que cura, diz coordenador de hospital em que Damares buscou protocolo para coronavírus (veja comentário)

By | 17/05/2020 9:08 am

 

O diferencial, diz ele, é a prescrição de corticoide e anticoagulante em pacientes que chegam à internação, evitando a UTI

(Com Mariana Carneiro e Guilherme Seto, na Folha)

 

Mesmo sem qualquer capacitação técnica ou responsabilidade formal por assuntos da Saúde, Damares Alves (Direitos Humanos) pegou um avião às 5h da manhã desta quinta (14) para Floriano (PI), a 240 km de Teresina.

 

O motivo: a fixação de Jair Bolsonaro pela cloroquina. O medicamento foi ministrado a pacientes da cidade na fase inicial. O coordenador técnico do hospital regional, Justino Moreira, afirmou, porém, que é “fake” atribuir ao remédio o êxito no resultado de 20 pacientes.

 

O diferencial, diz ele, é a prescrição de corticoide e anticoagulante em pacientes que chegam à internação, evitando a UTI.

“Antes, a gente usava só a cloroquina na segunda fase [de internação], não adiantava, não. A pessoa evoluía mal e morria. Possivelmente, não é a cloroquina a responsável pelo resultado. Na fase grave, ela é insignificante, mas talvez na fase precoce ajude o organismo a se defender”, afirma Moreira.

 

“O tratamento é efetivo, porque o paciente melhora rápido. Mas não é a cloroquina que está resolvendo o problema, isso é fake. Na verdade pegaram uma parte do protocolo e disseram que é a cloroquina, mas não é”, diz o médico. O hospital tem recebido pacientes do MA e do PA.

 

Na visita, Damares defendeu enfaticamente o medicamento.

Pelo protocolo de Floriano, na primeira fase da doença, a dos primeiros sintomas, como febre e tosse, o paciente é medicado com hidroxicloroquina e azitromicina.

No sétimo dia, os pacientes são submetidos à tomografia para saber como chegam à segunda etapa e, se for o caso, já começam a receber corticóides e anticoagulantes. No protocolo atual, esses medicamentos só entrariam em ação com o paciente já intubado, na UTI.

 

“Aqui a gente é mais agressivo ao vasculhar o doente, fazendo tomografia após o sétimo dia para ver as lesões. Essa lesão a gente ataca com corticóide e aí ela murcha, por exemplo, de 15% vai para 5%, de 50% vai para 30%. Já é suficiente para não precisar mais de oxigênio ou dar alta ao paciente”.

 

A comunidade médica está dividida sobre a cloroquina à espera de mais testes devido aos efeitos adversos, principalmente em pacientes com problemas cardíacos.

 

Moreira afirma, contudo, que doentes da Covid-19 com problemas no coração não são tratados com cloroquina em Floriano. O tratamento foi iniciado há 15 dias na cidade. Foi trazido da Espanha, onde a médica piauiense Marina Bucar Barjud trabalha e participa do atendimento a doentes.

 

Apesar de acreditar na eficácia do tratamento, Moreira não é crítico do isolamento social. Segundo ele, os 45 dias de distanciamento social foram importantes para ajudar os médicos a entenderem a doença sem a superlotação nos hospitais.

 

“Fizemos um trabalho muito precoce de uso de máscaras, supermercados e serviços essenciais tinham que limitar o número de clientes, e a educação sanitária foi reforçada. Tudo isso no começo de março”, afirma.

 

Comentário – O médico piauiense desmente uma série de “fake News” de origem “palaciana” que endeusavam a cloroquina como panaceia para o combate ao COVID-19 e cuja eficácia é desmentida por pesquisas de todo o mundo. (LGLM).

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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