Bolsonaro fala em descumprir ‘ordens absurdas’; STF se une em reação

By | 31/05/2020 8:16 am

 

(Jota Info)


Os principais jornais repercutem nesta sexta-feira as reações e ameaças do presidente Jair Bolsonaro ao STF na esteira da operação da PF que apura a distribuição em massa de fake news por seus apoiadores e aliados políticos. VALOR ECONÔMICO aponta em reportagem destacada como manchete de sua edição que o governo “subiu o tom”. Bolsonaro, como reportado pelos principais veículos, disse que “ordens absurdas” não serão mais cumpridas e que “temos que botar limites”. “Não teremos outro dia como ontem [anteontem], chega!”, disse o presidente na saída do Palácio do Alvorada. “Querem tirar a mídia que eu tenho a meu favor sob o argumento mentiroso de ‘fake news’”, completou. O presidente também disse que tem em mãos as “armas da democracia”.

Olhando para a situação do outro lado da Praça dos Três Poderes, O GLOBO mostra que ministros do Supremo, antes “protagonistas de desentendimentos públicos que marcaram julgamentos nos últimos anos”, estão agora unidos na defesa da instituição. Para os magistrados, “a hora é de se concentrar nas atividades do Supremo e, ao reagir, não se igualar aos que os atacam“.

Reportagem no jornal O ESTADO DE S.PAULO aponta que que integrantes do STF estão acompanhando “com atenção” se o presidente vai mesmo realizar “a promessa de desobediência de decisões judiciais”. Ministros do Supremo, anota o texto, “não descartam a possibilidade de Bolsonaro radicalizar ainda mais e colocar em prática o seu discurso.”

De volta ao VALOR, o jornal ouviu especialistas na área do Direito sobre a crise. Eles declaram que diante da reação “ensandecida” do presidente Jair Bolsonaro de que não vai mais cumprir as ordens do Supremo, o país está “à beira da ruptura institucional”. Ao mesmo tempo, eles também apontam que o STF “parece que se uniu” e que a Corte está ainda mais “coesa, forte e resiliente” contra os ataques do Executivo. Entre os consultados estão o criminalista Antonio Cláudio Mariz de Oliveira e o professor de direito constitucional da FGV Direito SP, Roberto Dias.

Os jornais registram, também, a reação do Legislativo, mais especificamente as declarações do presidente do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP). O senador disse que trata-se de uma “crise sem precedentes​”. Ele foi ao Palácio do Planalto ontem na tentativa de pacificar a relação entre Bolsonaro e o STF. Conforme o jornal, “Alcolumbre disse [ao presidente] que era preciso calma e responsabilidade” e  “alegou que o Congresso estava sendo responsável, mas que era preciso o mesmo do Executivo e do Judiciário”.

FOLHA também foi atrás de especialistas e os consultou sobre os limites da liberdade de expressão. Segundo a análise, deve ser levado em consideração “um exame do potencial destrutivo dos conteúdos transmitidos por aqueles que exercem esse direito”. “No direito brasileiro não há nenhum direito absoluto. Ocorre a mesma coisa com a liberdade de expressão, existem outras garantias e, se uma é colocada ao lado da outra, se a garantia da liberdade de expressão está violando outro [direito], como a proteção da honra e da vida privada, isso deve ser analisado caso a caso”, afirmou ao jornal Ana Carolina Moreira Santos, criminalista e conselheira da OAB em São Paulo.

A coluna de Mônica Bergamo, também FOLHA, revela que o ministro Alexandre Moraes, do STF, tem “informações suficientes” para novas operações “de potencial político mais explosivo” do que as determinadas por sua ordem na quarta-feira. Segundo a colunista, Moraes “preferiu esperar pelo resultado das buscas feitas nesta semana para encorpar o material que já tem —e partir para ações mais contundentes no inquérito que investiga fake news”. A nota diz que ainda que a PF já identificou Carlos Bolsonaro “como um dos articuladores de um esquema criminoso de fake news”.

O jornal paulista traz a informação de que a maioria dos ministros do Supremo defende a manutenção do inquérito de fake news. Segundo o jornal, “ao menos sete ministros” apoiam a continuação da investigação.

Em outro ponto do caso, os jornais mostram que o ministro Edson Fachin liberou para julgamento do plenário do STF o processo que questiona a legalidade do inquérito aberto pelo Supremo para apurar a distribuição de fake news. O julgamento pelo demais ministros depende agora de uma decisão do presidente da corte, ministro Dias Toffoli.

FOLHA informa que os dados apreendidos pela Polícia Federal na operação de quarta-feira podem ser usados nas ações no TSE que ainda estão em julgamento sobre pedidos de cassação da chapa de Jair Bolsonaro e Hamilton Mourão por “eventuais” crimes eleitorais. As provas, segundo a reportagem, podem revelar como funcionou o esquema de distribuição de notícias falsas durante a campanha eleitoral de 2018.

Em outra frente, os jornais destacam que o presidente Jair Bolsonaro indicou, em sua live semanal na noite de ontem, que pode nomear o procurador-geral da República, Augusto Aras, para uma vaga no Supremo. “Se aparecer uma terceira vaga —espero que ninguém desapareça—, mas o Augusto Aras entra fortemente na terceira vaga”, afirmou o presidente.

Os veículos também informam que procuradores da República pedem uma emenda à Constituição para obrigar o presidente a escolher o procurador-geral entre os nomes mais votados pela categoria em um lista tríplice. Um manifesto nesse sentido foi assinado por 535 integrantes do MPF, evidenciando uma forte resistência interna à liderança de Aras – indicado por fora da lista tríplice por Bolsonaro.

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Category: Destaques

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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