(Jota Info)
O maior destaque nesta quarta-feira nos principais jornais é a nova operação da Polícia Federal contra aliados do presidente Jair Bolsonaro. Policiais cumpriram mandados de busca e apreensão na manhã de ontem após pedido da Procuradoria-Geral da República ser aceito pelo ministro do STF Alexandre de Moraes. Entre os alvos da investigação, que apura a origem dos recursos para financiar atos antidemocráticos, estão um advogado e um marqueteiro vinculado à Aliança pelo Brasil, além de blogueiros e youtubers suspeitos de propagação de fake news.
O diferencial da operação de ontem é que a investigação agora avança para análise de movimentações financeiras dos suspeitos. Os jornais informam que Alexandre de Moraes determinou a quebra do sigilo bancário de 11 parlamentares. São dez deputados e um senador, todos ligados aos bolsonarismo. Os deputados na lista são Daniel Silveira (PSL-RJ), Cabo Junio do Amaral (PSL-MG), Carla Zambelli (PSL-SP), Caroline de Toni (PSL-SC), Alê Silva (PSL-MG), Bia Kicis (PSL-DF), General Girão (PSL-RN), Guiga Peixoto (PSL-SP), Aline Sleutjes (PSL-PR) e Otoni de Paula (PSC-RJ). O senador atingido pelas medidas determinadas pelo Supremo é Arolde de Oliveira.
Em O GLOBO, reportagem destaca que a investigação também tem como alvo a “monetização” das páginas usadas pelos bolsonaristas para promover atos contra o STF e demais instituições. O ministro Alexandre de Moraes determinou que as empresas que controlam as redes sociais apresentem relatórios sobre os pagamentos feitos para impulsionar estas publicações. A medida atinge o Facebook, Youtube e Instagram.
Os jornais destacam, também, a reação de Jair Bolsonaro à ação da Polícia Federal. Sobre as investigações e novamente em tom de ameaça, Bolsonaro declarou que não pode “assistir calado enquanto direitos são violados e ideias são perseguidas”. O presidente disse ter “presenciado abusos” nas últimas semanas, mas que o governo tem agido com “cautela” até agora. “Do mesmo modo, os abusos presenciados por todos nas últimas semanas foram recebidos pelo governo com a mesma cautela de sempre, cobrando, com o simples poder da palavra, o respeito e a harmonia entre os Poderes. Essa tem sido nossa postura, mesmo diante de ataques concretos”, escreveu o presidente no Twitter.
Na coluna Painel, da FOLHA DE S.PAULO, nota informa que ação da PGR nesta operação “serve como um recado” ao STF. Segundo a nota, na “avaliação do mundo jurídico”, os pedidos do MPF foram “considerados bastante duros”, especialmente no caso da quebra de sigilo dos parlamentares. Essa seria uma forma do procurador-geral da República, Augusto Aras, reafirmar sua posição contrária ao inquérito das fake news aberto diretamente pelo Supremo. E, desta forma, contrapor os ministros com ações efetivas no processo aberto pela PGR contra os atos antidemocráticos.
Os principais veículos também registram as declarações do decano do STF, ministro Celso de Mello, contra atos autoritários. “É inconcebível que ainda sobreviva no íntimo do aparelho de Estado brasileiro o resíduo de forte autoritarismo, que insiste em proclamar que poderá desrespeitar, segundo sua própria vontade arbitrária, decisões judiciais. Esse discurso não é um discurso próprio de um estadista comprometido com o respeito à ordem democrática e que se submete ao império da Constituição e das leis da República”, afirmou o ministro.