(Patos Online com informações de Damião Lucena em Patos em Revista)
A Rádio Espinharas nasceu sob o signo da política. Pereira Lira, chefe da Casa Civil do Presidente Dutra, pretendia ser candidato a senador em 1950 e para isso resolveu instalar três emissoras de Rádio na Paraíba. Juntamente com a empresa americana Bygton, que forneceu todo o material eletrônico, Pereira Lira instalou as rádios Arapuã (em João Pessoa), Caturité (em Campina Grande) e a Espinharas.
A Cidade de Patos, que até então só possuía o serviço de auto-falantes de Manoel Lino, vibrou com a instalação da emissora naquele 1º de agosto de 1950. Alguns locutores de Manoel Lino, como Batista Leitão, foram aproveitados pela nova emissora, juntamente com nomes trazidos de outras cidades e novos nomes lançados pelos representantes de Pereira Lira. Os artistas da terra.antes restritos aos poucos pontos da difusora, espalhados pelo centro da cidade, passaram a ter um público bem mais amplo. Moradores das cidades e região vinham visitar os estúdios da nova emissora e dar o depoimento de que ela estava sendo ouvida em suas cidades. Começou, também, naquela época a grande escola de profissionais de rádio, em que até hoje se constitui a Rádio Espinharas.
Pereira Lira, que o povo chamava de Cachimbão por conta do grande cachimbo em que fumava, entretanto, não teve sorte em sua candidatura, sendo derrotado. Algum tempo depois, a Bygton assumiu a emissora, pois não recebera de Pereira Lira o pagamento total dos equipamentos que vendera.
Em 1954, a emissora fechou. O comércio de Patos, na época ainda pequeno, não tinha condições de sustentar, com seus patrocínios, o funcionamento da emissora. A população de Patos e região ficou imensamente frustrada, com o fechamento daquela que já se constituía numa fonte de entretenimento e de comunicação.Um aviso dado através da Espinharas era ouvido em toda a região e a rádio passou a ser uma espécie de Correio, numa época em que os Correios, funcionavam de modo precário, nas pequenas cidades e distritos de uma imensa região.
Em 1958, o patoense Drault Ernany de Mello e Silva, médico e empresário bem sucedido no Rio de Janeiro, onde possuía até um banco, resolveu sair candidato a senador pela Paraíba. A primeira providência de Drault, que era irmão do futuro prefeito Bivar Olinto, foi adquirir da Bygton as três rádios que Pereira Lira instalara em 1950: Arapuá e Caturité, que ainda funcionavam e a Espinharas que estava fechada.
Com ajuda de Assis Chateaubriand, o magnata dos Diários Associados, de quem era amigo pessoal, Drault trouxe para Patos alguns nomes do rádio associados e, com a prata de casa, reabriu a Espinharas. A reabertura da emissora foi recebida com festas por todo o povo da região, mas mais uma vez o candidato a senador não teve sorte. Apesar de muito bem votado na região, Drault não conseguiu se eleger. Entregando a emissora a amigos seus patoenses e usando, cada vez mais, a prata da casa, Drault manteve a emissora em funcionamento até 1962.
Em 1962, o Movimento de Educação de Bases, ligado à Igreja Católica, adquiriu várias emissoras no Nordeste, com a intenção de usá-las em um programa de educação a longa distância. Na Paraíba as rádios Caturité e Espinharas foram entregues às dioceses de Campina Grande e Patos, respectivamente. “Educar, divertir e informar” era o lema da Rede de Emissoras Católicas de Rádio.
A partir de então, a Rádio Espinharas passou a manter uma programação independente visando a conscientização dos cristãos da região, não só para seus deveres religiosos, como para seus deveres de cidadão. Passou a ser exercido um grande esforço para habilitar os sertanejos ao exercício da cidadania. Ao mesmo tempo em que transmitia comícios e outros atos políticos, a emissora mantinha um noticiário equilibrado sem se deixar influenciar pelos poderosos do momento. Passou a ser um guardião dos interesses da região, um advogado de Patos e de toda a região polarizada por Patos.
Até 1983, o primeiro bispo patoense, D. Expedito Eduardo de Oliveira, com uma equipe de colaboradores, era o responsável pela linha editorial da emissora. Respeitava as posições políticas pessoais de seus empregados, desde que eles respeitassem a linha de opinião da emissora. Os que divergiam eram chamados a tomar outro rumo e dispensados com o pagamento de todos os direitos trabalhistas.
No final do governo de D. Expedito, já próximo de sua morte, a Espinharas passou por uma grande crise financeira, quando alguns padres chegaram a sugerir a venda da emissora, a exemplo do que fizera Dom Zacarias com a Rádio Alto Piranhas de Cajazeiras e motivo de arrependimento até hoje. Nenhum padre queria dirigir uma rádio que só dava prejuízo, cuja direção Pe. Constant entregara dizendo que era economicamente inviável. Graças ao desprendimento do Padre Valdomiro Batista de Amorim, que assumiu a emissora e implantou uma política de contenção de despesas, a venda da emissora foi evitada. Hoje se constitui o grande canal de programação da fé em toda a região, enquanto os padres de Cajazeiras choram a venda de sua emissora.
A chegada de Dom Gerardo Andrade Ponte, segundo Bispo de Patos, consolidou a recuperação financeira da emissora, juntando a fidelidade de muitos anunciantes com os projetos pastorais financiados por Igrejas irmãs. Mesmo com o surgimento de tantas emissoras concorrentes, a Espinharas manteve a sua posição de liderança em toda a região. Graças aos esforços de Dom Gerardo, a Espinharas tem sido pioneira na utilização de equipamentos de última geração, sendo, por exemplo, a primeira da região a informatizar os seus estúdios.
Hoje a Fundação Cultural Nossa Senhora da Guia, mantenedora da Rádio Espinharas, é presidida pelo bispo, Dom Eraldo Bispo da Silva.
A direção da emissora é composta pelos Padres Fabrício Dias Timóteo, Jair Tomasella e Pedro Custódio, tendo a gerencia administrativa de Alais Cavalcanti e a coordenadoria de jornalismo de Marcos Oliveira.
O aniversário de hoje é especial, pois marca os 70 anos de existência da emissora, justamente no momento que passa por adequações e penetração nas mídias sociais.
Parabéns Rádio Espinharas.