O espectro

By | 17/08/2020 8:30 am

 

Caso Queiroz deve ser esclarecido para definir grau de envolvimento de Bolsonaro

(editorial@grupofolha.com.br)

)

Um espectro ronda o bolsonarismo. Não se trata, como suporiam seguidores do presidente, do comunismo da abertura do manifesto de Karl Marx e Friedrich Engels, mas de uma pessoa: Fabrício Queiroz.

 

Amigo e auxiliar de Bolsonaro desde 1984 e por último empregado no gabinete de deputado estadual de seu primogênito, o hoje senador Flávio (Republicanos-RJ), Queiroz está no centro das investigações e suposições acerca de práticas ancestrais da família.

 

Ele foi mandado de volta à prisão, assim como sua antes foragida mulher, Márcia. Livre, ele adulterava provas comprometedoras para a apuração, segundo despacho do Superior Tribunal de Justiça. O casal se mantém em casa graças a uma decisão do ministro Gilmar Mendes, do Supremo Tribunal Federal.

 

Nos últimos dias, apurações do Ministério Público do Rio adensaram a suspeita de que Queiroz, Flávio e o presidente formavam um núcleo de atuação coeso.

 

A filha do ex-assessor, Nathalia, teria abastecido o esquema das “rachadinhas” na Assembleia Legislativa do Rio com 77% do que ganhou no gabinete do então deputado federal Jair Bolsonaro de janeiro de 2017 a setembro de 2018.

 

Antes, a personal trainer já havia fornecido 82% do que ganhara no Legislativo fluminense de 2007 a 2016 para o pai, então assessor.

 

A essa ligação direta com Bolsonaro se somam os pagamentos da família Queiroz ao hoje presidente.

 

Eles foram feitos por meio de pelo menos 27 cheques do ex-auxiliar e de sua mulher depositados em conta da atual primeira-dama do país, Michelle Bolsonaro.

 

Os valores são relativamente baixos, argumentam defensores do mandatário ao minimizar o escândalo e compará-lo a grandes esquemas, como o assim chamado petrolão. Isso é irrelevante, dada a dimensão da Presidência.

 

Cumpre acrescentar que Queiroz também pode ter servido de elo entre o gabinete de Flávio e o submundo das milícias do Rio.

 

No Brasil pós-redemocratização, acusações de desmandos já derrubaram presidentes em pouco tempo, caso de Fernando Collor. Outros, como Michel Temer (MDB), sobreviveram no cargo apesar da abundância de indícios a apurar

.

O motivo é o sistema que orbita o Executivo, criando apetites inomináveis de partidos, a depender da conjuntura político-econômica.

 

Com a recuperação ora registrada pelo Datafolha no humor popular, Bolsonaro tende a contar com a boa vontade dos que detêm a faca capaz de degolar seu mandato.

 

Isso não pode servir de desculpa para qualquer morosidade investigativa. As sombras sobre o clã Bolsonaro demandam apuração, até para estabelecer qual o grau de responsabilidade do presidente.

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Category: Opinião

About Luiz Gonzaga Lima de Morais

Formado em Jornalismo pelo Universidade Católica de Pernambuco, em 1978, e em Direito pela Universidade Federal de Pernambuco, em 1989. Faz radiojornalismo desde março de 1980, com um programa semanal na Rádio Espinharas FM 97.9 MHz (antiga AM 1400 KHz), na cidade de Patos (PB), a REVISTA DA SEMANA. Manteve, de 2015 a 2017, na TV Sol, canal fechado de televisão na cidade de Patos, que faz parte do conteúdo da televisão por assinatura da Sol TV, o SALA DE CONVERSA, um programa de entrevistas e debates. As entrevistas podem ser vistas no site www.revistadasemana.com, menu SALA DE CONVERSA. Bancário aposentado do Banco do Brasil e Auditor Fiscal do Trabalho aposentado.

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