Paulo Guedes foi ouvido nesta terça-feira pela comissão mista que acompanha as ações do governo no combate à pandemia
(Agência Senado)
O Brasil passa por uma grave crise de desemprego, intensificada com a crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, o que impede o governo de, ao menos no curto prazo, cogitar a adoção de uma política de reajustes reais ao salário mínimo. Este foi o argumento do ministro da Economia, Paulo Guedes, para justificar a proposta de Orçamento de 2021, que concede um reajuste de R$ 22 ao salário mínimo, equivalente a uma correção salarial de 2,1% (a projeção oficial da inflação para 2020), elevando seu valor para R$ 1.067 no ano que vem. A senadora Zenaide Maia (Pros-RN) cobrou uma explicação durante a audiência da comissão do Congresso Nacional, nesta terça-feira (1º), que fiscaliza as ações governamentais durante a pandemia.
— A pandemia causa um efeito devastador no emprego. Então hoje, se concedermos um aumento real no mínimo, talvez milhões de pessoas sejam demitidas. Estamos no meio de uma crise de emprego terrível, todo mundo desempregado. Se dermos este aumento, estaremos condenando as pessoas ao desemprego. Então é preciso cuidado. Estamos atentos a esta política, mas o poder público precisa ser cuidadoso ao momento certo em que poderá conceder reajustes reais — disse Guedes.
Guedes também confirmou que deve enviar ao Congresso, em breve, o projeto que cria um imposto sobre transações digitais no Brasil, como um dos complementos à reforma tributária (PL 3.887/2020) já encaminhada. O ministro avalia que agora há uma “concertação política e um clima político melhor” para o aprofundamento destas negociações, por isso a opção em fatiar o envio da reforma.
— A proposta da reforma tributária já está praticamente pronta. Então por que não enviamos antes? Porque houve muitas declarações interessantes… Se anuncio que é preciso criar um imposto digital, e então o presidente da Câmara diz que isto não será examinado, como é que eu vou enviar o texto? Mas agora parece que as coisas estão mais calmas, e o imposto poderá ser examinado. O Executivo tem seus impostos, tem o direito de fazer — afirmou.
O ministro disse que tem participado com sua equipe de reuniões de trabalho com os secretários estaduais de Fazenda em busca de um consenso em torno da reforma tributária. Mas manifestou oposição à criação de um fundo de transição para estados e municípios, bancado pela União, que pelos seus cálculos exigiria ao menos R$ 100 bilhões de novas transferências para os entes federados.
— Trabalho pelo acordo, mas não por um acordo em que um comitê gestor imporia à União um fundo que, nos próximos 10 anos, pode desestabilizar as finanças do país. Espera um pouco, isso não existe, não temos condição de fazer — continuou.
Nossa opinião –
Seria mais justo com os trabalhadores e aposentados que não estão recebendo auxílio emergencial, apesar de estarem sofrendo com a pandemia. Quanto à possibilidade de gerar desemprego, será que haverá mais desempregados do que já existem?